Um novo começo

26/04/2019

Um novo começo –  Jo 20,19-31 –  Segundo Domingo da Páscoa do Senhor Jesus! Domingo da Misericórdia. São muitos os caminhos de leitura da Boa nova de Jesus neste domingo. Voltemos mais nosso olhar para a primeira parte do Evangelho (v.19-23), deixando o relato sobre Tomé  para outras abordagens. É o primeiro dia da semana, é o novo começo, a nova criação. A narrativa do Gênesis, um relato muito antigo, afirma que Deus “modelou o ser humano do barro” e soprou-lhe nas narinas o sopro da vida.  Sabemos, por experiência, que somos de barro, podendo desmoronar a qualquer momento. Em nosso interior, porém, há o sopro de Deus. João descreve esta verdade de forma simples e grandiosa. Apavorados com a execução dramática de Jesus, os discípulos haviam se trancado numa sala. Refugiados em lugar seguro, aguardam o anoitecer. Eles estão na escuridão e trancados.  Nesta experiência trágica, Jesus  aparece no meio deles,  ressuscitado. E não é uma aparição qualquer. Jesus, cheio de vida,  lhes deseja a PAZ, o SHALOM, isto é, a plenitude de bens e de vida nova. Não censura os seus pelo abandono, pelo medo. Nenhuma reprovação pelo que fizeram ou deixaram de fazer. Como ”no princípio”, Jesus infunde o sopro divino nestes homens frágeis, medrosos, mergulhados nas trevas, feitos de barro. São tomados pelo sopro divino que tudo recria.  O Espírito de Deus gera o novo. Para o evangelista, a morte  e a ressurreição de Jesus constituem a nova criação: tudo começa e acaba no Jardim, tudo vive pelo sopro do espírito, Jesus e Madalena é a volta à humanidade primordial. Certamente a Igreja e os cristãos não precisam apenas de reformas religiosas  ou devocionais. Não é só Tomé que resiste ao novo.  É necessário algo mais fundamental. A partir da presença de Jesus ressuscitado, vivemos o tempo do Espírito que quer inundar nossa vida e transformar nosso ambiente. Por que não nos empenharmos  para ser pessoas capazes de servir e amar em todos os momentos da nossa vida? Mas acima de tudo, por que não pensar que as coisas podem mudar e que a sociedade pode encontrar “outra” maneira possível de viver? Há muitos espaços onde é urgente que a vida do Espírito se torne realidade. Nas próprias famílias e comunidades, onde há tanta necessidade de diálogo e mudança de atitudes! E por que não inventar outros modelos econômicos e políticos que deixem de  favorecer e enriquecer alguns e voltem ao direito e ao bem-estar de todos? Que o Ressuscitado, em sua infinita misericórdia, nos conduza a um “novo começo”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ