Solenidade de todos os Santos
“Bem-Aventurados todos os Santos” – Mt 5,1-12 – Neste domingo, o 31º do Tempo Comum, tem como Evangelho o texto de Mc 12, 28-34, no qual Jesus convoca para o grande mandamento do amor. A Igreja do Brasil, porém, celebra neste dia a Solenidade de todos os Santos, transferida do dia 1º de Novembro. Assim sendo, a Liturgia vem perpassada pelo clima da felicidade de quem foi fiel. A primeira Leitura, do livro do Apocalipse, em forma de visão, descreve a felicidade dos mártires e dos santos, na sua condição de eternidade. A epístola de João anuncia que desde o batismo somos chamados de filhos de Deus e nossa meta é a eternidade. O Evangelho, em forma poética, proclama a felicidade dos que vivem conforme os valores do Reino. As bem-aventuranças definem a alegria oferecida por Deus para quem é destinado o Reino. Para melhor “saborear” estes ditos de Jesus, é preciso considerar que são proclamações da pregação no contexto do Reino de Deus. Jesus inicia proclamando “bem-aventurados” aqueles que estão numa situação de fraqueza, de pobreza, não por serem melhores, mas porque o Reino de Deus se aproxima e então sua situação vai mudar radicalmente. Além disto, na versão de Mateus, os identifica como “pobres de espírito”, pois na sua fragilidade e pobreza, estão de espírito aberto para acolher a proposta de salvação. Se olharmos com mais atenção, veremos que as quatro primeiras “bem-aventuranças” estão relacionadas entre si. Inicia com os “pobres de espírito” e as três seguintes se referem igualmente aos pobres: são os “humildes ou os “mansos”, os que “choram”, os que têm “fome e sede de justiça”. São todos aqueles que aceitam renunciar, livremente a tudo e se colocam nas mãos de Deus. Os “humildes” ou “mansos” não são os fracos, os que suportam passivamente as injustiças, mas são os que recusam a violência. Os “que choram” são aqueles que vivem na aflição, na dor, no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo, mas terão o consolo com a chegada do Reino. “Os que têm fome e sede de justiça”, os que são fiéis aos compromissos assumidos para com Deus, serão saciados com a chegada do Reino. As bem-aventuranças seguintes tem seu foco voltado para as atitudes que os discípulos devem assumir. Os “misericordiosos” são os que tem um coração capaz de compadecer-se frente a dor alheia e estendem a mão a quem precisa. Os “puros de coração” verão a Deus, pois tem um coração simples, honesto, leal. Os “que constroem a paz” tem a filiação divina como sua identidade, pois se recusam a aceitar a violência e são instrumentos de reconciliação. Os “que são perseguidos por causa da justiça” lutam pela instauração do “Reino”, mesmo em meio a perseguição, humilhação, marginalização, incompreensão. A última “bem-aventurança é a garantia de que os perseguidos e excluídos por causa de Jesus vão encontrar a felicidade e a vida plena. A Solenidade de Todos os Santos abre-nos o espírito e o coração para a utopia do Reino. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ