Solenidade de Pentecostes
“Soprou sobre eles…Recebei o Espírito Santo” – Jo 20,19-23 – A Solenidade de Pentecostes, junto com o Natal e a Páscoa, é uma das três maiores Festas Litúrgicas da Igreja. As leituras deste dia nos convidam a contemplar o Espírito Santo como fonte que tudo transforma, renova, orienta, anima, fortalece e transmite aos discípulos a força de se assumirem como anunciadores do Evangelho de Jesus. Na primeira leitura, o autor dos Atos dos Apóstolos descreve a força do Espírito que tudo transforma. Na segunda, Paulo mostra esta transformação ocorrida na comunidade de Corinto. No belo hino da Sequência de Pentecostes, temos o louvor aos atributos do Espírito. O Evangelho nos apresenta a nova criação gerada pelo sopro divino. Após o trágico acontecimento da Paixão e Morte de Jesus, o evangelista João narra que havia chegado o “primeiro dia da semana”. É o “primeiro dia de um tempo novo”, de uma humanidade nova. Foi “no primeiro dia da semana”, que Maria Madalena foi ao túmulo… Também “no primeiro dia da semana”, Pedro e outro discípulo correram ao túmulo… Até então, eles estão no universo da morte de Jesus. Não há outra possibilidade. Mas, ao entardecer do “primeiro dia da semana”, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, se apresentou no meio deles”. O inesperado acontece: Jesus aparece vivo na comunidade reunida na casa onde os discípulos se escondiam. É esta a narrativa que a liturgia de Pentecostes nos traz: o encontro de Jesus ressuscitado com sua comunidade. A descrição que segue justifica a razão deste evangelho para a Solenidade de Pentecostes. Jesus inicia desejando-lhe a “paz”, ou seja, a vitória sobre a morte, a opressão, a mentira, a violência e a hostilidade do mundo. Em seguida, mostra-lhes as “mãos e o lado”. Parece que Jesus, por meio destes sinais, quer indicar o modo como os discípulos deverão agir: usar as mãos na realização das obras de Jesus e o coração em tudo que pensam e fazem, ou seja, realizar a missão a modo de misericórdia. A relação entre as mãos e o lado e o envio missionário está evidente no texto. Jesus disse-lhes de novo: “A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós”. E para que os discípulos possam cumprir a missão, Jesus realiza um gesto inesperado: “soprou” sobre eles. O mesmo “sopro” que, na criação, tornou Adão um ser vivente, Jesus, com seu “sopro”, tornou seus seguidores “novas criaturas”. Mergulhou a humanidade na dimensão divina, pois todo gênero humano vive pelo hálito divino. A respiração é condição para viver. A Festa de Pentecostes é a festa do sopro divino, da respiração que nos faz viver. O fruto deste Espírito é o perdão dos pecados: “Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos”. O Espírito Santo é portador da libertação de todos os pecados, ou seja, dos vínculos que prendem a humanidade à “mundaneidade”, conforme nosso Papa Francisco tanto insiste. A Festa de Pentecostes é a festa do “espírito bom”, conforme reza o salmista: Vosso Espírito bom me dirija e me guie por terra bem plana (Sl 143,10)! Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ