Solenidade da Epifania do Senhor
Solenidade da Epifania do Senhor – A liturgia deste dia, do tempo litúrgico do Natal, recorda a manifestação de Jesus a toda humanidade. O Menino da manjedoura, expressão mais profunda do mistério da encarnação, é uma “luz” que ilumina a noite deste mundo mergulhado nas trevas. Mais do que nunca, a memória da festa da epifania é um clamor e uma urgência. A humanidade, que jaz “nas sombras da morte”, precisa de uma luz que afugente as trevas da violência, da crescente desumanização. No Evangelho, uns “magos”, representantes de todos os povos da terra, procuram esta luz, cujo sinal apareceu no céu. A narrativa da visita dos magos ao Menino de Belém, é um episódio de grande beleza, muito popular, e a piedade cristã, ao longo dos séculos, foi fazendo acréscimos que não encontram sustentação no texto de Mateus. Os estudiosos da Bíblia reconhecem que o relato é um midrash, ou seja, uma leitura utilizada pelos mestres de Israel, que usavam histórias fantasiosas para evidenciar melhor os seus ensinamentos. O relato de Mateus não pretende narrar uma visita de personagens importantes, mas apresentar Jesus, o enviado do Pai, que vem para salvar toda a humanidade. Há diversas referências que tem como base algumas crenças da região e que são recolhidas para dar sabor messiânico a Jesus de Nazaré. Há no relato ainda a referência a Herodes, o soberano cruel que, historicamente, sempre estava pronto a matar quem quer que fosse, em defesa de seu trono. A análise dos vários detalhes do relato confirma que a preocupação de Mateus não é de tipo histórico, mas catequético. Insiste que Jesus nasceu em Belém, pois Belém era a terra natal do rei Davi. A referência à estrela é outro detalhe que merece atenção. Não se trata da aparição de um novo cometa, mas quer indicar que o menino é a “estrela de Jacó”, da qual falava uma profecia. Temos também os magos. Inútil buscar identificar os magos, dando-lhes inclusive nomes. Mateus quer mostrar que povos estrangeiros se põem a caminho, levando seus tesouros, para encontrar a luz salvadora. Além destas referências, Mateus lida com duas figuras emblemáticas, cujas atitudes perpassam todo o primeiro Evangelho. O povo de Israel, representado por Herodes, rejeita Jesus e planeja sua morte, enquanto os “magos”, ou seja, os pagãos o adoram e sentem uma grande alegria. A caminhada dos magos, tanto sua vinda quanto seu retorno, reflete a caminhada dos pagãos para encontrar Jesus. Estão atentos aos sinais e se colocam em ação. É possível que muitos membros da comunidade de Mateus visse neste relato uma grande denúncia contra a nação judaica e um profundo reconhecimento da trajetória dos pagãos no seu caminho em direção a Jesus. Ver os “sinais dos tempos”, pôr-se a caminho, discernir as propostas, seguir a estrela e entregar nossos tesouros, reconhecer o Senhor da História e retornar por novos caminhos é o que o Evangelho nos propõe neste ano jubilar e, para nós Franciscanas de São José, neste tempo capitular. Ir, Zenilda Luzia Petry – FSJ