Solenidade da Assunção de Maria 15/08/21
Saudações e Revelações – Lc 1,39-56 – Assunção de Maria – A solene liturgia do dia 15 de Agosto não é simplesmente uma comemoração de um artigo de Fé Católica declarado pelo Dogma da Assunção de Maria em corpo e alma ao céu (Pio XII, 01.11.1950), mas a Igreja neste dia faz memória, proclama e testemunha que o Senhor realiza maravilhas em favor do povo, a quem quer salvar.
No evangelho, Isabel reconhece que essas obras grandiosas de Deus se realizam no mistério de uma mulher que se torna “mãe do Senhor” porque acreditou nas suas promessas. Toda a narrativa evangélica se move em torno de duas saudações: Maria que saúda Isabel e Maria que saúda o Senhor. Não se trata de uma simples saudação de cortesia ou de boa educação, mas são saudações que originam grandes revelações.
Na primeira saudação, o Evangelho afirma apenas que “Maria saudou Isabel” (v 40). Nada se diz sobre o que Maria teria dito a Isabel. A reação porém de Isabel é reveladora “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria no seu ventre e Isabel ficou plena do Espírito Santo”(v 41). Mãe e filho são profundamente tocados por aquela presença que lhe dirige a sua saudação. Não se trata, certamente, de uma alegria causada pela visita da prima Isabel, algo mais do que natural. Mas é a presença da “Mãe do meu Senhor” (v 43), cuja visita causa estranheza a Isabel, pois ela não se reconhece digna: “Como posso merecer que a Mãe do meu Senhor venha me visitar?” A simples saudação originou revelações fundamentais de mistérios da nossa salvação. Maria é a mãe do Senhor, do Kyrios; Isabel que é mulher, que é idosa e estéril, ícone de marginalização, fica repleta do Espírito Santo, com um profeta estremecendo em seu ventre. Um novo processo de revelações se desencadeia, após uma saudação.
Na segunda saudação, a de Maria que saúda o Senhor, temos o Magnificat, a ação de graças de Maria proclamando a ação de Deus na história. Como afirma Puebla, o Magnificat é “o espelho da alma de Maria, o cume da espiritualidade dos pobres de Javé e do profetismo da Nova Aliança… (Puebla, n. 297).
Nesta oração, Maria aparece como a Mãe do Filho do Altíssimo, isto é, aquela para quem o Senhor olhou e escolheu, pois ela encontrou graça aos olhos de Deus. Mas ela é também a representante do seu povo que testemunha a ação de Deus ao longo da história. Em poucas palavras, o Magnificat sublinha três grandes maravilhas operadas por Deus: a) na vida de Maria, pois proclama que “minha alma glorifica o Senhor ”; b) na vida da humanidade, quando canta que “dispersou os soberbos… derrubou dos tronos… saciou os famintos; c), na vida do Povo de Israel, pois reconhece que “socorreu Israel… nossos pais… Abraão. Na saudação a Deus se revela a história.
A Igreja do Brasil celebra neste domingo a vocação da Vida Religiosa Consagrada. Ė quem Deus “saúda” a humanidade inspirando este gênero de vida, esta especial vocação, como lugar de revelação divina. Mulheres e homens são consagrados por Deus para serem sua “saudação” ao mundo, tão insensível às verdadeiras “saudações”. Que Maria, assunta ao céu, saudada pelo Pai Eterno, nos revele o caminho a ser percorrido para bem nos “saudarmos”, como pessoas consagradas. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ