SEXTO DOMINGO DA PÁSCOA – 17/05/20

14/05/2020

“Não vos deixarei órfãos”– João 14,15-21- O Evangelho do 6º domingo da Páscoa está em continuidade ao do 5º domingo (cf. Jo 14,1-12). Trata-se do “testamento final” de Jesus, na ceia de despedida.  Aos discípulos, inquietos e assustados, Jesus promete o “Paráclito”. (A palavra grega “paráklêtos”, utilizada por João, pertence ao vocabulário jurídico e designa, nesse contexto, aquele que ajuda ou toma a defesa do acusado. É o “advogado”, “auxiliar”, “defensor”).   A decisão de matar Jesus já está tomada pelas autoridades judaicas e Jesus sabe bem disso. A morte na cruz é mais do que uma probabilidade: é o cenário imediato. Durante a “ceia”, Jesus despediu-Se dos discípulos e fez-lhes as últimas recomendações. Fala-lhes do caminho que percorreu e convida os discípulos a seguir o mesmo caminho de entrega a Deus e de amor radical aos irmãos. Os discípulos, no entanto, estão inquietos e desconcertados, sem compreender o que Jesus lhes falava. Será possível percorrer esse “caminho”, sem Jesus  caminhando ao lado deles? No entanto, Jesus garante-lhes que não os deixará a sós no mundo. “Não os deixarei órfãos”.  Ele vai para o Pai; mas vai encontrar uma forma de continuar presente e de acompanhar a caminhada dos seus discípulos. Como é que Jesus vai estar presente, dando-lhes a coragem para percorrer “o caminho” do amor e do dom da vida? Jesus fala no envio do “Paráclito”, que estará sempre com os discípulos, que os defenderá contra o acusador,  (v. 16). É preciso, no entanto, que os discípulos continuem seguindo Jesus, que mantenham sua adesão a Ele e vivam o amor radicalmente. O sinal desse amor é o cumprimento dos mandamentos que Jesus deixou. Nesse caso, os mandamentos  não são “normas externas” que é preciso “cumprir”, mas a expressão clara do amor dos discípulos e da sua sintonia com Jesus (v.15). Enquanto esteve com os discípulos, Jesus ensinou-os, protegeu-os, defendeu-os; mas, a partir de agora, será o Espírito que ensinará e cuidará da comunidade de Jesus. O Espírito desempenhará, neste contexto, um duplo papel: a) conservará a memória da pessoa e dos ensinamentos de Jesus, ajudando os discípulos a interpretar esses ensinamentos à luz dos novos desafios; b)  dará segurança aos discípulos, guiando-os e defendendo-os, quando tiverem de enfrentar a oposição e a hostilidade do mundo. Jesus é claro: os seus discípulos vão sofrer, mas não vão ficar indefesos, pois Ele vai estar ao lado deles. Ontem, hoje e sempre! Assim sendo, em tempos de pandemia global, a palavra de Jesus pode nos trazer consolo em nossas aflições e esperança em nossas desilusões. Em nossos dias, o “Paráclito”, o “defensor”, poderá  atuar, nos defender, nos proteger através da pesquisa dos cientistas e do zelo dos/as médicos/as e enfermeiros/as, que são os “defensores” dos pacientes, os “paráclitos” das “vítimas” de um vírus que deixa muitos “órfãos”. Acreditemos na palavra de Jesus: “Não vos deixarei órfãos”– Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ