Saboreando a Palavra
“Um grande sinal…uma mulher vestida com o sol” – Lc 1,39-56 – Festa da Assunção de Nossa Senhora! Dia da Vocação à Vida Consagrada! A liturgia deste domingo transfere a solenidade da Assunção de Maria, do dia 15 de agosto e a celebra, de forma mais festiva ainda, num domingo, dia solene por excelência. O evangelho deste dia nos é muito familiar. Trata-se da visita de Maria a Isabel e do Magnificat, o belo canto dos pobres. A Vida Religiosa da América Latina tem, no atual triênio, sua fonte inspiradora na narrativa de Maria que visita Isabel, a mãe do Senhor que “sai apressadamente” pelas montanhas para estar com Isabel e proclamarem juntas os louvores do Senhor e pôr-se em defesa da vida. Duas mulheres gestando vida nova; duas mulheres marginalizadas, uma por ser idosa e estéril, outra por ser virgem e jovem; duas mulheres a quem o templo e a sinagoga negavam o direito de proclamarem, em voz alta, os louvores do Senhor; duas mulheres no novo espaço da vivência da fé, na casa, no ambiente familiar; duas mulheres que se transformam em teólogas do novo tempo. Esta grandeza sem medidas faz toda a humanidade elevar o olhar ao Senhor, e proclamar que Maria nos antecipa na utopia de sermos um só corpo em Cristo glorificado. Este mistério está muito bem sinalizado na 1ª Leitura da Liturgia do dia. O Apocalipse, o livro da Revelação descreve, de forma poética e simbólica, o destino daquela que inaugura o tempo da graça, a “cheia de graça”. “O templo de Deus que está no céu se abriu, e apareceu no templo a arca da sua aliança” (Ap 11,19). Maria é tantas vezes identificada como “arca da aliança”. E o Apocalipse prossegue proclamando: “Um sinal grandioso apareceu no céu: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua sob seus pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”. A Igreja vê Maria nesta figura simbólica. Ela é mesmo um sinal grandioso no céu, aquela que nos antecipa e realiza a utopia de todo o ser humano, que eterniza os valores transcendentes. Neste dia da Vida Religiosa, esta mesma figura aponta para a vocação de vida consagrada. Ser um sinal, senão já no céu, mas “para o céu”, vestida com o manto da consagração, tendo sob os pés o caminho dos pobres e na fronte a estrela guia da Palavra de Deus. Eis o grande sinal que o mundo tanto necessita. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ