Saboreando a Palavra

28/08/2018

12 de agosto de 2018
“A vida do eterno em nós” – Jo 6,41-51 – Continuamos com o evangelista João que nos traz a maior catequese sobre o pão para a vida do mundo. Os judeus, que aqui representam o sistema religioso da época, centrado na Lei, nos ritos sacrificiais, murmuram entre si, pois ao dizer “eu sou”, Jesus se coloca na tradição do Êxodo, quando Deus se revela a Moisés dizendo ser o libertador do povo. Além do “eu sou”, Jesus prossegue com mais outra evocação do Êxodo: “pão descido do céu”. Jesus se coloca no centro de toda a revelação, de toda história. Ele é o verdadeiro pão que se entrega para saciar a fome existencial profunda. Vem a grande interrogação: é possível aceitar Jesus como revelação de Deus se nós “conhecemos” sua humanidade, sua família, suas origens, seu jeito de ser? E Jesus prossegue com sua catequese afirmando a mútua dependência entre Ele e o Pai. Ainda mais: relativiza o que os Judeus absolutizavam: memórias e tradições, convicções e imagens de sua história. Jesus prossegue afirmando que o pão do deserto era perecível, não transformava as pessoas. O novo pão, o próprio filho de Deus encarnado e doado, leva à plenitude de vida, leva à vida eterna. Trata-se de uma adesão à pessoa de Jesus. É este o caminho da fé: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna”. Crer em Jesus é caminho de vida plena, de vida eterna. “Vida eterna” não deve ser compreendida em sentido temporal, como um tempo sem fim. O evangelista João não usa o termo “reino de Deus”, e prefere falar desta grandeza em termos de “vida eterna”. Crer em Jesus é mergulhar na vida do eterno, é viver o Reino de Deus. “Aquele que crê em mim, tem a vida eterna”, tem a vida do eterno em si, mergulha no mistério do eterno, é participante do reino de Deus. Esta é a revelação de Jesus, inaceitável para quem crê num Deus eterno, distante, habitante do céu. “Eu sou o pão da vida”. Jesus se revela como o Deus vivo, que traz vida e “vida em abundância”. Ele não se constrange em insistir que ele é portador do eterno em si. “Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra”. A vida do eterno em nós é que gera o mundo. “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo”. Vida doada a favor da vida. A proposta de Jesus para que “todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10). Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ