Saboreando a Palavra

28/08/2018

“Olhem minhas mãos e meus pés” – Lc 24,35-48 – O Evangelho do 3º Domingo da Páscoa está em continuidade à experiência de Emaús (Lc 24,13-35). Lá os discípulos, embora instruídos nas Escrituras, só reconheceram Jesus ressuscitado depois que ele abençoou e partiu o pão. Agora, em Jerusalém, um novo reconhecimento se fez necessário. Parece que alguma coisa de estranho acontece com os seguidores de Jesus, pois novamente Jesus aparece e a incompreensão prevalece. Jesus muda de estratégia nesta aparição em Jerusalém. Encontra-se com eles e lhes deseja a Paz (24,36), assim como no Evangelho do segundo domingo da Páscoa (Jo 20,19-31). Não recrimina a dificuldade de compreensão dos dois discípulos de Emaús e nem a incredulidade, como a de Tomé. Desta vez, em Lucas, Jesus provoca o contato com a sua pessoa: Olhai as minhas mãos e os meus pés… Tocai-me… (24,39). Também não mostra o lado aberto como em João. A seguir, pede algo para comer (24,41). Só depois explica as Escrituras. “Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia”. Por que os discípulos têm tamanha dificuldade de reconhecê-lo? Crer no ressuscitado constitui-se numa difícil experiência, que só pode ser captada a partir da fé que o próprio Jesus desperta em nós. Se não se “tocar as mãos e os pés” de Jesus, ou seja, se não se fizer uma experiência de adesão à pessoa dele e seu projeto, se não houver a alegria profunda, fruto daquele encontro pessoal, a ressurreição permanece um anúncio que soa como “desvario”. Jesus, após sua ressurreição, sem bater, sem atravessar a porta, “se apresenta”, manifesta-se corporalmente. “Mostra suas mãos e seus pés”. Mãos que operaram milagres, que tocaram em pessoas e situações, que revelaram o rosto misericordioso de Deus. Pés de um pregador itinerante, de um missionário incansável. Tanto as mãos quanto os pés do ressuscitado estão marcadas pelo que ele realizou na história. A fé na ressurreição verdadeiramente acontece quando se faz o que Jesus fez e quando se caminha pelos caminhos que Jesus andou. “Mostrou-lhes as mãos e os pés” – “façam o que eu fiz e andem pelos caminhos que eu percorri”! Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ