Saboreando a Palavra

28/08/2018

“Paz e Alegria” – Jo 20,19-31 – O segundo domingo da Páscoa é também o domingo da Divina Misericórdia. O Evangelho deste dia nos ajuda a melhor contemplar o rosto da Misericórdia do Pai, revelado em Jesus Cristo. No texto anterior ao Evangelho deste domingo, (20,11-18), Maria Madalena havia trazido aos discípulos a alegre notícia da Ressurreição de Jesus, mas estes continuam em seu estado de paralisia, por conta do medo, da decepção e da sua infidelidade. No texto de hoje, “no primeiro dia da semana”, num lugar de “portas trancadas”, numa evocação do caos e perplexidade do início da criação, é o próprio Jesus que se coloca no meio deles e saúda-os, com a saudação mais significativa: a PAZ. Na continuação deste texto se indica que Tomé não estava com eles. Seria de esperar que houvesse nesta aparição de Jesus, ao menos, uma pequena repreensão, como no caso dos discípulos de Emaús. Mas não há reprovação nem queixa nas suas palavras. Há somente “alegria e paz”. O termo “paz” procura traduzir – embora de maneira incompleta – o vocábulo hebraico Shalom. Shalom é muito mais do que “paz”, tal como nós compreendemos e saudamos. O Shalom é a paz que vem da justiça do Reino. É a totalidade dos bens em saúde, educação, segurança, harmonia nas relações… O Shalom inclui tudo o que Deus quer para o seu povo. Jesus não promete uma paz de “zona de conforto”, mas envia os seus discípulos na missão árdua em favor do Reino. Ao desejar a paz, Jesus lhes “mostrou as mãos e o lado” (v.20). Mostrou-lhes as mãos para fazerem o que Ele fez, assim “como o Pai o enviou” (v. 21). “Mostrou-lhes o lado”, o coração, fonte de paz e alegria, de misericórdia. Um coração que é fonte de misericórdia, geradora do Shalom de Deus. Os “discípulos ficaram felizes, porque viram o Senhor” (v.20). E Jesus volta a insistir na paz e, soprando sobre Eles, envia-os em missão de perdão e reconciliação. O dom do Espírito, neste texto, tem a ver com o perdão dos pecados, isto é, de tudo o que é contrário ao projeto de Deus. A segunda parte da narrativa nos coloca, mais uma vez, no “primeiro dia da semana” (v.26), Desta vez, segundo o relato, Tomé está presente. Ele representa os discípulos que vacilam em sua fé no Ressuscitado, diante dos sofrimentos e tribulações da vida. Assim, ele nos representa, quando nós vacilamos e duvidamos. Jesus nos fortalece com as palavras: “Felizes os que acreditaram sem ter visto”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ