Saboreando a Palavra
“No vigor da origem” – Jo 20,1-9 – Páscoa! Passagem! Retorno ao vigor originário! “No primeiro dia da semana” (v.1). “Primeiro dia” lembra a criação. Para os seguidores de Jesus, este “primeiro dia da semana” é o início da nova criação, da uma nova humanidade, da vitória do mal sobre o bem. “Maria Madalena, foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro” (v.1). Maria Madalena é símbolo da nova mulher, daquela que se antecipa, daquela que prossegue com confiança, ainda que se faça escuro. É a comunidade que se mantém fiel, mesmo em meio às trevas. O “escuro” pode ser uma indicação simbólica, pois a luz de Cristo ainda não se tinha manifestado. “A pedra tinha sido retirada do túmulo” (v. 1). Para que haja vida, a pedra precisa ser retirada do túmulo, como na ressurreição de Lázaro (cf Jo 11, 39. 41). “Ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram” (v.2). Maria Madalena, por ora, só enxerga o túmulo vazio, mas já diz que tiraram “o meu Senhor”, ainda que apenas imagine o corpo roubado. Ainda não fez a experiência da Ressurreição. A experiência da ressurreição é um processo de fé atento e vigilante, de buscas e apreensões. “Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou” (v. 3-5). Pedro e o “outro discípulo” vão ao túmulo. O “discípulo” chega antes, mas não entra. É o “discípulo amado”. Quem ama tem reverência pelo mistério. Deixa Pedro entrar antes. Quando o Evangelho foi escrito, no tempo da Igreja, Pedro já é tido como o líder, porém para a experiência da Ressureição, não basta ser lider. “Viu as faixas de linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte”. (v. 6-7). Pedro ainda duvida. Vai precisar confessar, mais adiante, que é um discípulo que ama (cf Jo 21,15ss) para ser realmente discípulo que acredita. O Evangelista descreve detalhes sobre o ambiente do sepulcro: faixas de linho no chão, o pano sobre a cabeça de Jesus estava enrolado, à parte. Parece que quer mostrar que, se o corpo tivesse sido roubado, o pano não estaria assim enrolado, em ordem! “Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou” (v. 8). Viu com o olhar da fé e acreditou na ressurreição. Que a Páscoa do Senhor nos faça remover as pedras das sepulturas, nestes tempos de trevas, perseguições, injustiças, violência e ódio. Que corramos ao encontro da vida, mesmo que se faça escuro, e reencontremos o “vigor da origem”. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ