Saboreando a Palavra

28/08/2018

“Eleva o olhar ao Senhor” – Jo 3,14-23 – Estamos no 4º Domingo da Quaresma, um domingo marcado pela alegria da certeza de que nosso Deus é o Deus da vida e da salvação. Acompanhando a Liturgia da Quaresma, estivemos, no 1º Domingo, com Jesus no deserto. No segundo, subimos com Ele na montanha e no terceiro entramos com Ele no templo. Neste 4º domingo se pode supor que esteja na casa, mesmo que o evangelho não informe o lugar do encontro de Nicodemos com Jesus. O Capítulo 3 de João inicia dizendo que Nicodemos, um fariseu, foi “procurar Jesus à noite” (Jo 3,1ss). Possivelmente a referência da “noite” seja indicativo da dificuldade de Nicodemos de compreender a boa nova de Jesus, de abrir mão de suas convicções, suas certezas, de abrir-se para descontruir convicções. Nicodemos manifesta sua busca, mas romper certezas parece lhe custar muito. Jesus afirma a necessidade de ele “nascer de novo”, catequese esta que Nicodemos não alcança compreender. No evangelho deste domingo (Jo 3,14-23) Jesus continua falando com Nicodemos, mas este já não interage com Jesus. Ele praticamente desaparece. Então podemos supor que o discurso de Jesus se dirija a todas as pessoas e Ele se revela como “Salvador e não Juiz”. Trata-se de uma espécie de auto apresentação de Jesus no Evangelho de João. Sua missão no mundo e na história é salvar e não condenar. Jesus é o filho enviado por Deus para que todas as pessoas tenham vida, tema que perpassa todo o evangelho. Mas esta missão de Jesus comporta o escândalo da cruz. Tratando-se de uma catequese, Jesus faz referência ao relato da serpente no deserto (3,14) para levar a uma compreensão mais profunda do mistério da cruz. Outrora, no deserto, o povo fora picado por serpentes e muitos morreram. Entre murmurações e interpretações equivocadas de que o incidente era vingança divina, Moisés intercede pelo povo. Seguindo as orientações, Moisés coloca uma serpente de bronze numa haste e todos que olhassem para ela ficariam curados. Ao contrário do que a teologia oficial ensinava, da qual Nicodemos era participante, Deus não envenena seu povo com vingança e punição. As ações de Deus são de compaixão e salvação. Ele veio como luz que mostra o caminho. Muitos optaram por ficar nas trevas e rejeitaram a luz. Nicodemos, nas ”trevas da noite”, vem falar com Jesus à procura de ”Luz”. Mas para encontre a luz precisa “nascer de novo”, abandonar os esquemas e interesses dos grupos dominantes identificado como “mundo das trevas” e erguer o olhar para a cruz, “elevar o olhar ao Senhor”. O projeto de Salvação de Deus é a grande afirmação de Jesus neste domingo: ”Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu próprio filho e este não veio para julgar o mundo, mas para salvá-lo”. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ