Saboreando a Palavra

28/08/2018

“Superação da violência e nova humanidade”- Mc 1,12-15 – Neste dia 18 de fevereiro celebramos o 1º Domingo da Quaresma de 2018, ano este em que a Campanha da Fraternidade nos traz a temática da “Fraternidade e superação da violência” e nos recorda mais uma vez que “somos todos irmãos”. A Liturgia nos coloca em contato com a experiência da tentação de Jesus, própria do 1º Domingo da Quaresma, na versão de Marcos. Jesus, após o batismo, é conduzido, levado, “transportado” para o deserto. Não foi uma decisão sua, mas sim do Espírito que “forçou” Jesus a ir ao deserto. É este o sentido original do “conduzir”. Esteve lá “quarenta dias”, número simbólico, e era tentado pelo demônio. Diferente de Mateus que narra as tentações de forma detalhada e como um fato ocorrido naquelas circunstâncias, Marcos dá a entender que as tentações de Jesus foram contínuas. “Era” tentado e não “foi” tentado. Ao longo de todo o Evangelho Satanás busca desviar Jesus do foco. Ao afirmar que “era tentado por Satanás”, o evangelista mostra que Jesus era profundamente humano, mas que estava em constante busca de fidelidade ao projeto do Reino. É ainda exclusivo de Marcos a informação do v. 13b. “Jesus vivia entre as feras e os anjos o serviam”. Uma cena paradisíaca, de perfeita harmonia, de recriação do projeto originário. As feras, mesmo que tenham instintos de violência, convivem com Jesus, que é “servido pelos anjos”. Esta paz e fraternidade é rompida por quem compactua com Satanás. João Batista foi vítima da violência de Herodes (v.14). Este agir de Herodes faz Jesus dirigir-se para a Galileia e dar início ao anúncio explícito do Evangelho de Deus: “O tempo se cumpriu e o reino de Deus está próximo. Arrependam-se e acreditem no Evangelho”(v.15). Um ato de violência leva Jesus a um agir imediato. Vai para o meio do povo e como que afirma: “basta”! “esgotou-se o tempo”! É hora de entrar em ação e mudar o foco da vida. Um anúncio de extrema atualidade. Vivemos tempos em que a violência entrou na ordem do dia. Vê-se destruição por toda a parte. O paraíso, o projeto originário do Pai, ficou uma saudosa memória, ou caiu no esquecimento. “As feras” vivem seu instinto de violência em grau exacerbado. Não há espaço para o serviço dos anjos. Acabamos por nos acostumar com tal realidade. A Campanha da Fraternidade ousa querer nos colocar na mesma dinâmica de Jesus: “depois que João Batista foi preso”, neste clima atual de tanta violência, é hora de agir. “Basta”! Devemos ir à “Galileia das nações”, de todas as nações e anunciar a urgência da mudança de rumo e crer que outra “humanidade” é possível. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ