Respostas que comprometem

21/06/2019

Respostas que comprometem – Lc 9,18-24 – A Liturgia, no retorno ao Tempo Comum, volta à Leitura do Evangelho de Lucas. Neste 12º domingo temos uma narrativa do final da atividade de Jesus na Galileia. Caminha com os seus discípulos pela região de Cesareia de Filipe, região levemente montanhosa, com clima favorável, lugar de férias das elites da Judeia. Ambiente geográfico nada favorável a quem se declarou enviado para evangelizar os pobres. O diálogo neste cenário certamente tem a ver com a realidade conflitiva em torno da pessoa e da missão de Jesus. Após sua oração, Jesus provoca os Apóstolos a dizerem o que o povo pensa e fala dele, qual sua identidade e sua missão: “Quem sou eu no dizer do POVO?”. Seria pesquisa de “Ibope”, como somos bombardeados/as a toda hora?  Jesus se mostra interessado em saber o que os outros pensam dele? Ou é hora de tomada de consciência do que significa ser seguidor de Jesus? A pergunta foi genérica e as respostas também são. Responderam-lhe: “João Batista… Elias… ou um dos antigos profetas…” . Todas as opiniões são sinal de reconhecem Jesus como alguém importante: um grande profeta, um especial pregador, alguém que realiza milagres,  mas é apenas um “homem” a mais. Todos esses já passaram e este passará também. Supõe-se que os discípulos que convivem com Jesus tenham uma opinião mais bem formada, mais amadurecida e aprofundada. “E vocês, quem vocês dizem que EU SOU”? A pergunta tem outro sabor e outro foco. A resposta parece vir rápida: Pedro, em nome de todos, responde: “Tu és o CRISTO de Deus”. Pedro responde certo, faz eco da profecia de Isaías e reconhece Jesus como Messias…  Mas que Messias? Um messias forte e poderoso, como tantos então esperavam e que ainda hoje se aloja em nosso inconsciente coletivo? Quantos ainda hoje cultuam um Deus “todo poderoso”, sem cruz e sem cuidado dos excluídos.  Não basta “saber” que Jesus é o Messias. É fundamental ter consciência do projeto deste Messias, que certamente terá conflitos com os poderes estabelecidos, geradores da dominação e a injustiça. O Messias será portador de Paz, de Justiça, de igualdade, de fraternidade, de vida plena para todos. Reconhecer que Jesus é o Messias é comprometer-se com seu projeto. Pelo que tudo indica, isto não estava no horizonte dos discípulos. Daí a pergunta direta: “e vós, quem dizeis que eu sou”? Percebendo o nível de expectativa dos discípulos,  Jesus antecipa o anúncio de sua paixão, consequência de sua opção. Apresenta-se como o “Servo Sofredor“, desprezado e rejeitado pelos homens. Mas não abandona seu caminho e nem suaviza a opção dos discípulos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-me”.

Isso implica três ações:

“Renuncie a si mesmo” – Superar toda autorreferencialidade;

Tome sua cruz cada dia” – Disposição cotidiana de doar a própria vida;

E siga-me” – Esta terceira ação supõe as duas primeiras. Só quem se libertou do eu e do apego à vida, pode seguir Jesus até o fim. Seguir Jesus não é apenas reconhecê-lo como Messias… é segui-lo no caminho do amor, da verdade e da justiça. Seguir Jesus é “ser misericordioso como o Pai do céu é misericordioso”. Num mundo onde o ódio está na ordem do dia, a pergunta de Jesus nos deixaria, certamente, um tanto constrangidos/as, sem saber, a bem da verdade, que resposta daríamos.  Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ