Páscoa do Senhor!
No primeiro dia da semana” – Jo 20,1-9 – É a Páscoa do Senhor! É a grande proclamação da vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, do bem sobre o mal, da verdade sobre a mentira, da luz sobre as trevas. É a festa das festas. Após três dias de Liturgias mais contidas, na qual acompanhamos Jesus em sua entrega total até a morte de cruz, temos o ecoar da maior notícia possível. É o “primeiro dia da semana”, é a nova criação, é o inicio do novo tempo. A liturgia deste dia, em continuidade e em ruptura ao que se celebrou no Tríduo Pascal, proclama a maior boa nova da história. A primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, nos mostra com que entusiasmo se fazia a proclamação da paixão, morte e ressurreição de Jesus. A segunda leitura, a carta aos Colossenses, nos convida a assumir a centralidade de Jesus Cristo em nossa vida. O Evangelho, precedido pela “sequência pascal”, um hino antigo, nos leva ao cenário da experiência da Ressurreição, a grande resposta que Deus deu aos executores da morte de seu Filho. “Deus se vingou”, dizia uma senhora muito simples. A vitória da vida sobre uma morte cruel é uma forma de “vingança” de Deus contra os que semeiam a morte. Jesus foi crucificado, assassinado como um “malfeitor”, ou seja, com um “agente do mal”. Ele que passara pela vida só fazendo o bem, considerado malfeitor pelos romanos, sofreu pena máxima. Olhando o Evangelho mais de perto, vemos que inicia informando ser “o primeiro dia da semana”. É uma nova criação; é o “primeiro dia” de um novo tempo e de uma nova realidade, o tempo de uma nova humanidade. Neste “primeiro dia da semana”, Maria Madalena, certamente com outras mulheres, dirigiu-se ao túmulo. Ainda “era escuro”. Supõe-se que Madalena levava perfumes para ungir o corpo de Jesus. Uma questão prática ocupava sua mente: como iria conseguir afastar a enorme pedra que fechara a entrada do sepulcro? No relato joanino, Maria Madalena representa a comunidade que vivia desiludida, pois a morte havia triunfado. Jesus estava sepultado e uma pesada pedra cobria a entrada, ou seja, não havia esperança de vida. A morte de Jesus era definitiva. A comunidade estava perdida, desorientada, insegura, com medo, sem esperança. Mas naquele “primeiro dia da semana” Maria Madalena, chegando ao túmulo, vê que a pedra havia sido retirada e o túmulo estava vazio. Ela ainda não consegue ler os sinais. O fato da morte de Jesus era uma ideia fixa, bloqueava todos os seus sentidos. Concluiu apenas que alguém teria retirado o corpo de Jesus daquele túmulo. Então sai correndo e vai avisar Pedro e o “outro discípulo”. Merece especial atenção a atitude dos dois discípulos diante do mistério da morte e ressurreição de Jesus. Um deles é Pedro. O “outro discípulo” não é nomeado. O Evangelho de João, a partir do Capítulo 13, introduz este personagem chamado de “discípulo amado”. Muitos insistem que este discípulo amado é João. No entanto, nenhuma vez o evangelista identifica o “discípulo amado” como sendo o apóstolo João. Para a teologia joanina, o “discípulo amado”, mais do que uma pessoa individual, é a imagem do discípulo ideal: aquele que está sempre próximo de Jesus, que se identifica com Jesus, que adere incondicionalmente aos valores do Reino, que ama Jesus. Quase sempre aparece próximo de Pedro, que poderia ser classificado como o “discípulo obstinado”. Na ida ao sepulcro, o “discípulo amado” chegou primeiro. Correu mais porque amava mais. Mas “não entrou”. Esperou por Pedro que entrou no sepulcro, viu tudo o que se podia ver, mas não se diz que Pedro acreditou. O discípulo amado “viu e acreditou”. Viu os sinais, foi além, como é próprio do amor. Seu amor por Jesus levou-o a perceber que Jesus vencera a morte. Quem ama faz a experiência da Ressurreição. Maria Madalena, após seu encontro com o Jesus Ressuscitado, se tornará a grande anunciadora da ressurreição: “eu vi o Senhor”. Realmente foi “o primeiro dia da semana”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ