Festa do Batismo do Senhor!

07/01/2021

“Os céus se rasgaram” – Mc 1,7-11 – Festa do Batismo do Senhor!  Com a festa do Batismo do Senhor, a Liturgia começa a mostrar o caminho de Jesus e da missão, segundo a narrativa de Marcos.  O Evangelho deste domingo apresenta o encontro entre Jesus e João Batista, nas margens do rio Jordão, quando Jesus foi batizado. João Batista anunciava a proximidade do “juízo de Deus”. A sua mensagem estava centrada na urgência da conversão e incluía um rito de purificação pela água,  prática conhecida também no judaísmo. O batismo efetuado por João não era de purificação, mas  um rito de adesão à comunidade dos que esperavam o messias. Então nos vem a pergunta: que sentido tem Jesus apresentar-Se a João para receber um “batismo”,  de purificação, ou de arrependimento e de perdão dos pecados, ou então de adesão à comunidade messiânica? Alguns detalhes do texto podem ajudar a  melhor perceber  a “Boa Nova” do relato. Na primeira parte (vv. 7-8), Marcos apresenta o testemunho de João Batista,  que define Jesus como “Aquele que é mais forte do que eu, diante do qual não sou digno de me inclinar para lhe desatar as correias das sandálias” e como “Aquele que há de batizar-vos no Espírito Santo”. Tanto o “ser forte” como o “batizar no Espírito” caracterizam o Messias que Israel esperava (cf. Is 9,5-6; 11,2). O testemunho de João atesta assim que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas.  Este testemunho é, a seguir, confirmado pelo próprio Deus. Marcos faz referência a uma voz vinda do céu que apresenta Jesus como “o meu Filho muito amado” (v. 11). A manifestação divina é acompanhada por três fatos estranhos que devem ser lidos em perspectiva simbólica.  a) A “abertura do céu” inspira-se, provavelmente, em Is 63,19, onde o profeta pede a Deus que “abra os céus” e desça ao encontro do seu povo, refazendo a relação que o pecado interrompeu. O céu estava “fechado”, na linguagem simbólica dos profetas. O texto de Marcos diz, não apenas que “os céus se abriram”, mas afirma que os “céus se rasgaram”, presente em diversas traduções. A ruptura que a humanidade teve com Deus necessita que os “céus se rasguem”. A entrada de Jesus na história rompe o “lacre” do céu. A atividade de Jesus vai reconciliar o céu e a terra, vai refazer a comunhão entre Deus e a humanidade; b) O símbolo da “pomba”, que não é imediatamente claro… Provavelmente se trata da pomba que, no início, “pairava sobre as águas” (cf. Gn 1,2). Certamente aqui significa que, com Jesus, inicia-se uma nova criação; c) Temos, finalmente, “a voz do céu”. Essa voz declara: “Tu és meu Filho muito amado, em ti pus todo o meu agrado”  (v 11). Esta mesma voz se fará ouvir no relato da transfiguração, (cf Mc 9,2-8), quando a voz ordena: “escutai-o”(v 7). Voltemos a nos perguntar: Por que é que Jesus quis ser batizado por João? Jesus necessitava de um batismo cujo significado primordial estava ligado à penitência, ao perdão dos pecados e à mudança de vida? Ao receber este batismo de penitência e de perdão dos pecados, Jesus “entrou na fila dos pecadores”,  solidarizou-Se com a humanidade limitada e pecadora, assumiu a “condição humana”  para percorrer  junto o caminho da libertação e da vida plena. Da atividade de Jesus, o Filho amado de Deus que cumpre a vontade do Pai, resultará uma nova criação, uma nova humanidade. Fazendo-se um entre os últimos, “servo dos servos”, Jesus mostra o caminho da salvação e faz com que “os céus se rasguem”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ