Domingo da Ressurreição
A mulher que se antecipa – Jo 20,1-9 – Domingo da Ressurreição do Senhor. “Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro”. Foi de madrugada ao sepulcro, antes do sol nascer, ao amanhecer e foi a primeira que viu que a pedra da morte estava removida. “Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus”. Antecipa-se aos discípulos. Mulher atenta, em prontidão, em vigília, próprio de quem ama e sabe a missão que recebeu. O evangelho deste dia da Páscoa começa com uma indicação aparentemente cronológica, mas que deve ser entendida, sobretudo, em chave teológica: “no primeiro dia da semana”. O evangelho de João já iniciara afirmando: “no princípio era o verbo”. Agora é o “primeiro dia”. Significa que começou um novo ciclo, um novo tempo, uma nova criação, o tempo de uma nova humanidade, que nasce a partir da plena entrega de Jesus. Esta nova humanidade se faz visível na figura de uma mulher: Maria Madalena. Segundo os evangelistas, as mulheres são as primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus Cristo, pois Ele aparece primeiramente a elas. Segundo Tomás de Aquino o motivo desta precedência é porque elas estavam melhor preparadas que os homens para entender e acolher a maravilha da Vida. E estavam melhor preparadas porque O tinham amado mais. Maria Madalena encarna todo o amor de que as mulheres são capazes. No evangelho deste dia ela é a primeira a dirigir-se ao túmulo de Jesus, ainda o sol não tinha nascido, estava “amanhecendo”, no “primeiro dia da semana”. Está na transição do tempo: o já e o ainda não. Incialmente ela considera que a morte triunfou e vai procurar Jesus no sepulcro. Sente-se perdida, desorientada, insegura, desamparada. Uma experiência muito próxima de nosso momento histórico atual, em que a humanidade sofre a pandemia do COVID 19 e vive a experiência cotidiana de tantos sepulcros ocupados por quem sucumbiu nesta cruz. Madalena representa as pessoas que ainda não conseguiram descobrir que a morte não é a última palavra. A última palavra ainda não foi pronunciada por Deus, também nesta pandemia. A ressurreição de Jesus é fonte de esperança. O Evangelho ainda nos coloca diante de duas atitudes frente à ressurreição: a do discípulo “obstinado”, que resiste em crer, e a do discípulo “amado”, que entende o caminho, ama e crê no Messias esperado. João coloca, aliás, estas duas figuras lado a lado em várias circunstâncias: na última ceia, na paixão, no lago de Tiberíades. O “discípulo amado” está sempre em vantagem sobre Pedro. Esse ‘discípulo amado” é a imagem do discípulo ideal, que está em sintonia total com Jesus, que corre ao seu encontro com um total empenho, que compreende os sinais e que descobre que Jesus está vivo. Ele, junto com Maria Madalena, são paradigmas da nova humanidade, do mundo recriado por Jesus. Entretanto, enquanto vivemos a “Sexta Feira da Paixão”, neste ano de 2020, convidemos Maria Madalena a nos ensinar a antecipar para nós a experiência da Ressurreição. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ