As surpresas do Ressuscitado
As surpresas do Ressuscitado – Jo 21, 1-19 – Estamos no terceiro domingo da Páscoa e a liturgia nos brinda com mais um relato sobre a aparição do ressuscitado, que sempre causa surpresa e comoção. O capítulo 21 do evangelista João é reconhecidamente um acréscimo ao 4º Evangelho. A investigação bíblica põe em evidência de que se trata da realidade das primitivas comunidades cristãs no fim do primeiro século da era cristã. Já passou o fervor inicial e se corre o risco do retorno ao “velho homem”. A narração é mais uma Catequese, do que uma crônica. Pedro, personagem que representa a comunidade, decide ir pescar, voltar à vida que tinha antes de conhecer Jesus. Os demais companheiros decidem fazer o mesmo. Em linguagem ricamente simbólica, o evangelista elabora a sua catequese para animar as comunidades a voltarem “ao primeiro amor” (cf Ap 2,4) . Os discípulos partem para o mar e passam a noite sem nada pescar. Experiência de frustração! É noite, estão nas trevas! Falta-lhes a Luz. Ao amanhecer, ao nascer do sol, Jesus está na praia. É a luz que os discípulos haviam abandonado para voltarem à sua vidinha cotidiana. Após a frustrada pesca, Jesus, a luz do novo amanhecer, aguarda os discípulos na margem. Inicialmente ordena que joguem as redes do lado direito da barca. A barca é símbolo da Igreja que, para bem realizar sua missão, precisa lançar suas redes seguindo as orientações de Jesus. É do lado direito, ou seja, do lado do poder e da ação de Deus que os discípulos serão “pescadores de homens”. E a rede é capaz de arrastar 153 peixes grandes, ou seja, toda espécie de peixe então conhecida, numa bela simbologia do “todas as nações”. Pedro, assombrado, se percebe nu, lhe falta as vestes do amor e da fé, tão próprias do seguidor de Jesus. Precisa ser mergulhado nas águas para se revestir de Jesus. Na praia, Jesus convida os seus para uma refeição: “Vide comer”. Seus gestos são parecidos com os da multiplicação dos pães e dos peixes… É Jesus repetindo o que mais o identificara enquanto convivia com os discípulos. Agora já não mais duvidam: é o Senhor. Jesus foi reconhecido no seu agir. De ora em diante Ele será reconhecido onde houver os mesmos gestos de partilha, de acolhida, de amor e de perdão. Esta catequese se torna ainda mais clara no diálogo de Jesus com Pedro. Ele precisa comprovar seu amor e fidelidade a Jesus. Não se trata apenas de “conferir o primado da Igreja a Pedro”. Trata-se de um critério para todo e qualquer seguidor ou seguidora de Jesus. Um amor confirmado e comprovado. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ.
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