Solenidade de Jesus Cristo, Rei e Senhor do Universo

22/11/2024

O meu Reino não é deste mundo –  Jo 18,33b-37 – No 34.º Domingo do Tempo Comum, celebramos a Solenidade de Jesus Cristo, Rei e Senhor do Universo. É o coroamento do itinerário do ano litúrgico. As leituras nos ajudam a perceber o significado mais profundo desta solenidade. A primeira leitura nos situa na origem do título “Filho do Homem”, que Jesus se atribui a si mesmo. Trata-se de uma visão do Profeta Daniel que contempla o surgimento de um reino “humanizado” governado pelo “Filho do Homem”.. A segunda Leitura, do Livro do Apocalipse, apresenta Jesus como o Senhor da História. Ele é o “príncipe dos reis da terra”. O Evangelho, cronologicamente deslocado, pois se trata do relato d o contexto da paixão, mostra Jesus assumindo sua realeza diante de Pilatos. Ao longo de sua andança pelas terras da Galileia, da Samaria e da Judeia, Jesus nunca aceitou ser reconhecido como Rei, nem mesmo como Messias. Sempre se identificava como Filho do Homem. Agora, na narrativa da Paixão, diante de Pilatos, Jesus afirma que é Rei. Pelo cenário da narrativa já se pode intuir a natureza desta realeza. Não se trata de uma realeza assentada na lógica do poder, do domínio, da ambição, dos tronos como Pilatos, Herodes, o imperador Romano e tantos outros. É um mundo novo que se descortina, alicerçado na verdade, no amor, no serviço, no perdão, na partilha, na doação da própria vida. O reino de Jesus não é “desse mundo” do poder, da ambição, do domínio. O Reino de Deus é de ‘outro mundo’, constituído de outra realidade. Olhemos a narrativa do Evangelho mais de perto. O breve texto, extraído da grande narrativa de João, relata o interrogatório de Jesus feito por Pilatos, o governador da Judeia e da Samaria. Se bem olharmos tal interrogatório, vemos claramente tratar-se de uma ironia, com boa dose de cinismo. “Tu és o Rei dos judeus?” Pilatos sabe muito bem como os reis exercem sua realeza. Os reis deste mundo apoiam-se na força das armas e impõem aos outros o seu domínio e a sua autoridade. A sua realeza baseia-se no poderio, no autoritarismo, na prepotência, e gera opressão, injustiça e sofrimento. Jesus é um prisioneiro indefeso, abandonado pelos amigos, ridicularizado pelos líderes judaicos, desprezado pelo povo. . Perguntar se Ele é rei certamente indica a acusação apresentada pelas autoridades judaicas contra Jesus, que queriam condená-lo por suas pretensões messiânicas de libertar Israel dos opressores. Jesus seria um agitador político empenhado em mudar o mundo pela força. A resposta de Jesus situa tudo em outro plano. Ele se assume como o messias que Israel esperava e confirma a sua qualidade de “rei”, mas descarta qualquer identificação com os reis que Pôncio Pilatos conhece e com a forma como eles exercem a realeza. Jesus não procurou ter poder, mas se pôs a servir todos, especialmente os pobres e os humildes. Nunca buscou  defender os seus próprios interesses, mas se pôs em obediência à vontade de Deus, seu Pai; não acumulou riquezas, mas em amou até ao dom da própria vida… A sua realeza é de uma outra ordem, da ordem de Deus, não é deste mundo dos reis da terra. É uma realeza que toca os corações e que produz vida. Jesus é rei e messias, mas não impõe a ninguém o seu reinado. Propõe à humanidade  um mundo novo, de amor, de doação, de entrega, de serviço. Só assim podemos celebrar a Solenidade de Cristo Rei. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ