28º Domingo do Tempo Comum

10/10/2024

A “vida do Eterno” – Mc 10,17-30 – A liturgia do 28.º Domingo do Tempo Comum é um convite a fazermos as escolhas certas na vida e assim alcançarmos a vida eterna, ou seja, perpetuar a vida do Eterno em nós. Optar pelo que é perecível, passageiro, é impossibilitar o sentido pleno de nossa existência. O Reino de Deus é a meta a ser buscada incansavelmente. A primeira leitura trata desta busca como “sabedoria”, este dom divino que nos faz conquistar, não apenas a “vida eterna” como meta a ser alcançada, mas mergulhar na “vida do Eterno” aqui e agora. Olhemos para o Evangelho deste domingo. Jesus está à “caminho”. Certamente não se trata apenas de um caminhar geográfico, mas é um itinerário espiritual, de acesso ao Reino de Deus. Neste seu caminhar, um homem se aproximou correndo, ajoelhou diante d’Ele e Lhe perguntou: `Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna”? Trata-se de um “homem” e não se informa seu nome. Mateus e Lucas trazem a mesma narrativa; em Mateus, trata-se de um “jovem” e, em Lucas, é um “magistrado”. É sempre um personagem, alguém “rico”. Isto nos leva a ler o texto, não como relato histórico, mas como uma catequese de suma importância.. O personagem do relato tem pressa. Há algo que o inquieta e para o qual ele procura uma resposta urgente. Diante de Jesus, ajoelha-se: a sua atitude indica o respeito. Não faz pergunta para “provocar Jesus”, como escribas e fariseus faziam. Parece sincero e está em busca do fundamental da vida. O diálogo entre ele e Jesus é muito respeitoso e cheio de ternura. Jesus olha para o homem com simpatia e lhe faz uma proposta que rompe as fronteiras da sua fé e de sua prática religiosa. O homem vive sua fé no fiel cumprimento da lei, realiza as obras de forma exemplar. Quer ter a certeza de alcançar a vida eterna. Jesus aproveita a oportunidade para avisar os discípulos que quem é apegado às riquezas não alcança o Reino. Não se trata de considerar a riqueza como um mal em si. Certamente Jesus convoca a superar a doutrina tradicional de Israel que afirmava que a riqueza era bênção de Deus) e a pobreza era maldição divina (cf. Dt 28,3-8). Vender os bens e dar aos pobres era inconcebível a um judeu piedoso. Ficar pobre era ser um amaldiçoado de Deus. A riqueza, porém, nesta compreensão tradicional, levava o coração humano a uma verdadeira “idolatria”, pois se adorava um ídolo e não o verdadeiro Deus. Em Mt 6,24 lemos: “não podeis servir a dois senhores… não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Considerar a riqueza como valor essencial  faz desviar o coração do projeto divino do Reino. O apego aos bens materiais envenena o coração humano, torna-o autossuficiente, impede a partilha e a comunhão. O relato do Evangelho deste domingo é o de uma “vocação fracassada”,  pois a importância dada à riqueza impediu alguém de mergulhar na “vida do eterno”. Também os discípulos tiveram dificuldade de compreender a proposta de Jesus: “Quem pode então salvar-se?”. Como eles, diferente do homem rico, deixaram tudo o que possuíam e experimentam na pele o que isto significa, pela voz de Pedro,  perguntam se vão ser recompensados.  Jesus convida-os a verem esta renúncia em vista de um bem maior: o seguimento de Jesus e a certeza da vida plena, eterna, envolvidos na vida do Eterno.

Ir. Zenilda Luzia Petry-FSJ