15º Domingo do Tempo Comum
“Poder sobre os espíritos impuros” – Mc 6,7-13 – A liturgia do 15.º Domingo do Tempo Comum mostra-nos o chamado de homens e mulheres para serem mensageiros e sinais da bondade e do amor de Deus . Na primeira leitura temos a atuação do profeta Amós que, enviado por Deus, denuncia o culto vazio e ritualista do templo de Betel, refém de interesses políticos e econômicos dos reis. O Evangelho mostra Jesus enviando os “doze” discípulos em missão. Depois de terem convivido com Jesus por algum tempo, recebendo seus ensinamentos, ouvindo o anúncio do Reino, vendo as obras que Jesus realizava, são enviados para colaborarem na missão de Jesus. O número doze é simbólico. Era o número das doze tribos de Israel. Ao constituir este grupo de “doze apóstolos”, sinaliza o nascimento de um novo Povo de Deus. Além do mais, os “doze” são enviados “dois a dois”. O que isto significa? É possível que o envio “dois a dois” tenha a ver com o costume judaico de viajar acompanhado, para se ajudarem em caso de alguma necessidade. Também o “dois a dois” pode ser uma atenção à Lei judaica que exigia duas testemunhas para que um anúncio tivesse credibilidade. No contexto do Novo Testamento, este envio “dois a dois” certamente indica que a evangelização tem sempre uma dimensão comunitária. Quem anuncia o Evangelho, não anuncia em seu nome pessoal, mas em nome da comunidade. O anúncio também deve estar em plena sintonia com a fé reconhecida, vivida e proclamada pela comunidade. Os enviados também recebem um poder especial: “deu-lhes poder sobre os espíritos impuros”. É preciso lutar contra os maus espíritos: soberba, exploração, violência, injustiça, legalismo, exclusão, fome, doenças… Para tal missão, recebem a “autoridade” de Jesus. O relato prossegue com uma verdadeira “cartilha missionária”. Os doze devem partir para a missão despojados de bens e seguranças humanas… Podem levar um cajado, que além de ajudar o caminhante a apoiar-se, pode servir de arma de defesa contra os animais selvagens; mas não devem levar nem pão, nem alforge, nem moedas e nem duas túnicas. Devem ser totalmente livres e não estar amarrados a bens materiais; caso contrário, a preocupação com os bens materiais pode roubar-lhes a liberdade e a disponibilidade para a missão. Por outro lado, essa atitude de pobreza e de despojamento dos discípulos, ajudará também a perceber que a eficácia da missão não depende da abundância de recursos materiais, mas sim da ação de Deus. Finalmente, a sobriedade e o desapego são sinais de que o discípulo confia em Deus. Além deste testemunho pessoal de despojamento, o modo de agir também entra em questão. Ficar na casa onde forem acolhidos, sem vaguear de casa em casa, por possíveis interesses pessoais de amizade, de maior bem-estar, ou outros interesses. Se não forem bem recebidos, “sacudir o pó”, pois rejeitar os discípulos de Jesus é rejeitar o próprio Deus. O foco principal da missão é a “conversão”, a “expulsão dos demônios”, ou seja, libertar as pessoas dominadas pelo poder do mal. Os discípulos, assim como Jesus fez, foram e “ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos”. O poder sobre os espíritos impuros se faz necessário, também hoje, para anunciar, testemunhar, construir o Reino de Deus. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ