Domingo de Páscoa

28/03/2024

Maria Madalena foi cedo ao sepulcro: ainda era escuro – Jo 20,1-9 – A celebração da Páscoa supera todo e qualquer entendimento humano ou lógico. Não é só o escuro da madrugada que acompanha esta ida ao sepulcro. É o “escuro” da humanidade frente ao mistério de um Deus crucificado. É também a memória do “caos primordial da criação” e agora a escuridão do “primeiro dia da semana”, da nova criação. O tríduo pascal nos mergulhou na mais profunda memória da vida, paixão e morte do Filho de Deus, o mistério dos mistérios. A Páscoa é a festa de Deus para o mundo. A razão de ser de nossa vida e esperança. Muito se teria a dizer e contemplar sobre o tríduo pascal. Mas olhemos para o domingo da Páscoa. Olhando mais de perto o Evangelho deste domingo, vemos que o relato começa com uma indicação aparentemente “cronológica”: “no primeiro dia da semana”. “Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro”. Ela se antecipa a tudo e a todos. A primeira coisa que Maria Madalena vê, quando se aproxima, é que a pedra que fechava o sepulcro havia sido retirada. “Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo amado”. Contemplemos mais de perto esta primeira parte do Evangelho, focando nosso olhar em Maria Madalena, personagem que, no Evangelho de João, representa a comunidade cristã. Era o “primeiro dia da semana”. Não se trata de calendário, mas do inicio de um “novo tempo”, de uma nova realidade. Maria Madalena, “de manhã cedo”, dirige-se ao túmulo de Jesus. Não se trata de uma pessoa singular, Maria Madalena, mas da nova comunidade nascida da ação criadora e vivificadora do Messias. No entanto, “ainda estava escuro”: a comunidade nascida de Jesus estava convencida, ainda nessa hora, de que a morte tinha triunfado e que Jesus estava prisioneiro do sepulcro. Era, portanto, uma comunidade perdida, desorientada, insegura, com medo, sem esperança, pois no túmulo de Jesus fora colocada uma pedra, indicando que a morte de Jesus era definitiva. Ao chegar, Madalena vê que a pedra fora removida. Além disso, o túmulo está vazio. Perplexidade maior não poderia existir. Ainda está na escuridão. Tinha a certeza de que a morte de Jesus era definitiva. Queria apenas cuidar do corpo daquele a quem seguira com tanto amor, com os rituais necessários, segundo a cultura judaica. Diante do que vê, conclui apenas que alguém retirou o corpo de Jesus do túmulo. O jeito é correr para avisar a Pedro e ao outro discípulo. Nada de anúncio da Ressurreição, como será em outro momento. A fé na ressurreição de Jesus não ocorre nem por ver a pedra rolada e nem pela constatação do túmulo vazio. Sinais materiais não levam à fé na ressurreição de Jesus. É outro o caminho a percorrer. Crer em Jesus morto e ressuscitado é um processo que ocorre no encontro com Ele. É o que acontece com os discípulos e, de modo único, com Maria Madalena. No relato de Jo 20,11-18, ela faz a experiência do encontro com Jesus ressuscitado e se torna a testemunha ímpar da ressurreição de Jesus. Com toda a verdade ela sai proclamando: EU VI O SENHOR! É o encontro com Jesus que nos torna testemunhas da ressurreição. Que a festa da Páscoa nos leve ao encontro com Ele e nos ajude a compreender que a ressurreição de Jesus foi a intervenção de Deus na história, contra os que buscaram, de forma injusta e criminosa, calar Jesus e eliminar da história o projeto do Reino de Deus. Deus não permitiu que o mal vencesse. Deus não permitiu que a violência, a injustiça, a maldade e a morte tivessem a última palavra. Páscoa! Festa de Deus para a humanidade! Feliz Ressurreição para todos. Um especial encontro com o Deus Ressuscitado. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ

 

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