2º DOMINGO DO TEMPO COMUM
“Eis o cordeiro de Deus” – Jo 1,35-42 – Iniciamos o Tempo Comum da Liturgia de 2024, do ano B, ano em que seguiremos o Evangelho de Marcos. Começamos há poucos dias um novo ano. Neste domingo, não é Marcos, porém, que nos dirige a “Palavra de Salvação”, mas é o evangelista João que nos traz uma proposta para ser assumida neste novo ano. João convida-nos a redescobrir Jesus que percorre seu caminho, nos atrai para ir “atrás” dele, entrar na sua casa, partilhar a sua vida e o seu projeto, interiorizar as suas atitudes fundamentais. Durante o ano o evangelista Marcos vai nos mostrando como seguir Jesus, e vai revelando que “Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus Vivo” (cf Mc 1,1;15,39). A liturgia do 2º Domingo do Tempo Comum está focada na temática da “vocação”, do “chamado”. Na primeira leitura temos o chamado de Samuel; na segunda leitura vemos Paulo chamando os cristãos ao seguimento fiel de Jesus; o Evangelho descreve o encontro de Jesus com seus primeiros discípulos. O quadro inicial do Evangelho situa-nos junto do rio Jordão (vv. 35-37). Em cena estão, inicialmente, três personagens: João Batista e dois dos seus discípulos. Aqui não sabemos quem são estes dois. O fato é que Jesus entra em cena. João viu Jesus “que passava” e disse aos seus dois discípulos: “eis o cordeiro de Deus” (v.36). Observemos que os dois são discípulos de João. Como se pode ver, João, no relato, é uma figura transitória. Sua missão consiste em preparar os corações humanos para acolher o Messias libertador. Quando o Messias “passa”, a missão de João termina. João sairá logo de cena, não procura prolongar a sua missão. Ele “sabe” que a sua função não é congregar um grupo ao seu redor, mas indicar Jesus ao mundo. A expressão “eis o cordeiro de Deus”, usada por João para apresentar Jesus, pode ser uma referência antecipada ao “cordeiro pascal”, símbolo da libertação oferecida por Deus ao seu Povo. Mas como estamos ainda em clima natalino, poder-se-ia pensar no “menino que nasceu entre os cordeiros” e que seu nascimento foi anunciado aos “pastores”. Ao longo do Evangelho de João, o autor volta diversas vezes às figuras do Cordeiro, do Pastor e das ovelhas. Ora Jesus é o “Cordeiro”, ora é o “Bom Pastor”, ora “chama as ovelhas pelo nome”. Neste inicio do Evangelho João identifica Jesus como “Cordeiro de Deus”, o enviado do Pai, aquele que vai resgatar as ovelhas, que vai eliminar todas as formas de escravidão e indicar os caminhos da vida plena. Segue o diálogo entre Jesus e os dois discípulos (vv. 38-39). Começa com a pergunta: “que procurais?” É importante ter consciência do que se busca. A resposta dos discípulos é dada por meio de outra pergunta: “Rabi, onde moras?”. Parece que os discípulos já decidiram pelo seguimento, por estar com Ele, por aprender e morar com Jesus. Ao chamá-lo de “Rabi”, indicam que estão dispostos a seguir as suas instruções. Jesus convida-os: “vinde ver”. Os discípulos devem “ir” e “ver”, pessoalmente, pois o seguimento de Jesus não se realiza por meio de informações ou conhecimentos, por melhores que sejam, mas pela experiência pessoal. Os discípulos aceitam o convite e fazem a experiência da partilha da vida com Jesus. A seguir tornam-se testemunhas. É o último passo deste “caminho vocacional”: quem encontra Jesus e experimenta a comunhão com Ele, não pode deixar de se tornar testemunha da sua mensagem e da sua proposta libertadora. O encontro com Jesus, se é verdadeiro, conduz sempre a uma dinâmica missionária. “Eis o cordeiro de Deus”.
Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ