32º Domingo do Tempo Comum
“Ide ao seu encontro” – Mt 25,1-13 – O 32º domingo do tempo Comum nos apresenta a parábola das “dez virgens”, das quais cinco são descritas como “prudentes” e cinco como “insensatas”. Muito já se escreveu, muito já se questionou a respeito desta parábola: por que “dez virgens”? O que significam as lâmpadas? Por que as cinco “prudentes” não cederam um pouco de óleo às demais? Por que é fechada a porta? Como compreender que o noivo diga: “Não vos conheço”?
Consideremos que os capítulos 24 e 25 de Mateus constituem um quinto e último discurso de Jesus, no qual se descreve o “Juízo Final”. Estamos na década de 80 dC. e muitos cristãos já se instalaram na rotina e não esperavam mais a vinda iminente de Jesus. Perderam seu ardor no seguimento de Jesus. Assim sendo, essa parábola precisa ser vista dentro do contexto do “esfriamento” do ardor da proposta do Reino.
Para melhor compreensão, o relato precisa ser lido em dois níveis: o primeiro é o que teria saído da boca de Jesus, que sempre de novo anuncia o “Reino de Deus”. De fato, o relato inicia dizendo: “O reino dos Céus pode comparar-se…”. Um segundo nível é a atualização feita por Mateus, em torno dos anos 80-85 dC, para alertar as comunidades para a necessária vigilância.
Olhemos então o relato mais de perto: a parábola é narrada a partir dos rituais típicos dos casamentos judaicos. De acordo com os costumes, a cerimônia do casamento começava com a ida do noivo à casa da noiva, a fim de buscá-la para a sua nova casa. Muitas vezes o noivo chegava atrasado, pois antes devia discutir com os familiares quais presentes ofereceria à família da noiva. As negociações entre as duas partes eram demoradas e tinham uma importante função social… Os parentes da noiva costumavam mostrar-se exigentes, mostrando que a família perdia algo muito precioso. O noivo e os seus familiares, por sua vez, gostavam das exigências, pois isto demonstrava que alguém de muito valor entraria para sua família. A noiva, na casa do pai, esperava que o noivo viesse ao seu encontro. Havia sempre quem presenciasse a discussão para ir avisar a noiva que tudo estava concluído e que o noivo ia chegar. As amigas da noiva esperavam também, com as lâmpadas acesas, para acompanhar a noiva, entre danças e cânticos, para sua nova casa, onde ocorria a festa do casamento.
Então, num primeiro nível, Jesus compara o Reino de Deus com uma das celebrações mais alegres e festivas que os israelitas conheciam: o banquete de casamento. As dez jovens representam o Povo de Deus que espera ansiosamente a chegada do Messias e seu Reino. Uma parte desse Povo está preparada e, quando o messias aparece, pode entrar a fazer parte da comunidade do Reino; outra parte não se preparou e não pode entrar na comunidade do Reino. Trata-se de um apelo ao Povo de Israel de não perderem a oportunidade de participar na grande festa do Reino que Jesus está anunciando.
Num segundo nível, a realidade dos anos 80, trata-se de uma exortação a estar preparado para a vinda do Senhor, que pode acontecer a qualquer momento. As dez jovens representam a Igreja que sofre perseguições e anseia pela libertação. Uma parte está preparada, vigilante, atenta, com fé viva, lamparinas acesas e com suficiente óleo de reserva. Outra parte não está preparada, não tem reserva de óleo, ou seja, não vive a fé e não realiza as obras necessárias. Fé e ação não podem ser “terceirizadas”, ou seja, não dá para pedir emprestado para entrar na Festa da Aliança. Daí que as cinco, simbolicamente, não emprestam óleo. Óleo para manter a lamparina acesa é decisão pessoal. A frase final do noivo quando chegam as que foram “comprar óleo”, é muito dura: “Senhor, Senhor, abre-nos a porta’. Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ