Solenidade de todos os Santos

02/11/2023

 O contrário é o lado certo – Mt 5,1-12a – “Solenidade de Todos os Santos” – Neste domingo a Igreja do Brasil celebra a solenidade de todos os Santos, transferida do dia 01 de Novembro, por não ser feriado na nação brasileira. Na maioria das Conferências Episcopais pelo mundo afora,  celebra-se o 31º domingo do Tempo comum, no qual se lê o Evangelho de Mt 23,1-12, o texto do grande discurso contra as elites religiosas da época. No Brasil, sendo a Festa de todos os Santos, a Liturgia traz como Evangelho o texto de Mt 5,1-12, o conhecido texto das Bem-Aventuranças, no qual o Reino de Deus é proclamado como “contrário ao reino do mundo”. As bem-aventuranças revelam a novidade da realidade da vida em Deus. O contrário é o lado certo. No “reino do mundo”, os servidores de Deus sofrem diversas formas de morte: são pobres, choram, tem fome e sede de justiça, são perseguidos, são partidários da paz, da reconciliação, da misericórdia. O “reino do mundo” se rege pela violência, pelo poder, pelo lucro, pela vingança. Olhemos o momento histórico atual:  as guerras, as catástrofes naturais, o ódio sendo implantado como modo de vida, a vingança como direito natural. Imaginemos Jesus hoje em sua terra, fazendo o discurso das Bem-Aventuranças. Seria silenciado ou eliminado na primeira proclamação.

A Solenidade de Todos os Santos, neste ano, ocorre neste contexto e é uma oportunidade para se ouvir, com ouvidos novos, o Evangelho das Bem-Aventuranças. Tudo o que Jesus viveu e sofreu em seu tempo, se repete como chaga viva nas tantas vítimas das guerras, da violência, até mesmo nos desastres naturais. Nós cremos que Jesus ressuscitou. A fé na vitória da vida sobre a morte sustenta multidões que circulam entre escombros e cadáveres. São os “santos” dos dias de hoje. É esta grande legião de seguidores de Jesus que passaram também pela “grande tribulação” e ocupam seus lugares junto ao trono do cordeiro.

A festa de Todos os Santos reúne inúmeros rostos que trazem em si a imagem e a semelhança de Jesus Cristo. Um rosto de humanidade transfigurada, segundo a imagem de Jesus. São pessoas que, ao longo da vida, não foram perfeitas; tinham fraquezas e defeitos, mas eram de muita busca ao longo de toda a vida. E quanto mais se aproximavam da luz, mais reconheciam as sombras de sua existência.

Como Jesus, os santos tiveram que assumir o “contrário como lado certo”,  viver em sentido contrário às ideias recebidas e aos comportamentos do “reino do mundo”.  Viver as Bem-aventuranças não é evidente: ser pobre de coração num mundo que glorifica o poder e o ter; ser suave num mundo duro e violento; ter o coração puro face à corrupção; fazer a paz quando outros declaram a guerra. Os santos foram pessoas apaixonadas pelo Evangelho. Foram homens e mulheres corajosos, capazes de reagir e de afirmar a todo o custo aquilo que os fazia viver. Eles mostram-nos o caminho da verdade e da liberdade. O seu exemplo ilumina. A sua alegria é o seu testemunho mais belo. A sua felicidade é contagiosa. São a transparência de Deus no mundo. Que sejamos capazes de “promover a santidade”, como nos estimula o Papa Francisco. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ