1º Domingo do Advento

24/11/2022

“Caminhar com atenção e vigilância” – Mt 24, 37-44- O primeiro domingo do Advento marca o inicio do Ano Litúrgico para a Igreja. Dois “eixos” centrais da fé cristã marcam este tempo de “espera vigilante”: o “nascimento de Jesus”, o Salvador que se encarna na realidade humana e sua “vinda gloriosa” no fim dos tempos. Esta espera vigilante é uma “espera dinâmica”, que nos convoca a preparar os “caminhos do Senhor” e a buscar a “justiça e o amor” como caminho de conversão. Não se trata de um tempo de espera “passiva”, de rotina, de indiferença, ou de agitação e ansiedade consumista por conta do Natal que se aproxima, mas de esperança ativa que busca nova maneira de viver e de compreender a vida.

O Evangelho deste dia está focado na segunda vinda do Filho do Homem e não no nascimento de Jesus, como se poderia desejar, sendo o inicio do advento.

Trata-se de uma parte dos últimos discursos de Jesus antes de sua paixão e morte, em Jerusalém, após seu longo percurso da Galileia até Jerusalém.

A linguagem deste discurso é estranha e enigmática… Trata-se de um gênero literário de linguagem “apocalíptica”, como já vimos em domingos anteriores. O objetivo desta linguagem é “revelar algo escondido”. Em muitas ocasiões, esta revelação é dirigida às comunidades que vivem numa situação de sofrimento, de desespero, de perseguição. Busca-se animá-las, dar-lhes esperança, mostrar-lhes que a vitória final será de Deus e dos que lhe forem fiéis. A vinda de Jesus deve ser preparada por uma série de atitudes que indicam a vigilância daqueles que esperam o Senhor. A descrição de catástrofes não visa trazer relatos históricos, mas indicar as atitudes e sentimentos a serem cultivados neste tempo de espera vigilante. Para Mateus, a vinda do Senhor é certa, embora ninguém saiba o “dia nem a hora” (cf. Mt 24,36). Aos membros das comunidades resta estar vigilantes, preparados e ativos…

Olhando mais de perto o Evangelho deste domingo, observam-se três cenários que ajudam a compreender a sua mensagem:

O primeiro (vv. 37-39) é o quadro da humanidade na época de Noé: os homens viviam, então, numa alegre inconsciência, preocupados apenas em gozar a sua “vidinha” descomprometida. Quando chegou o dilúvio, apanhou-os de surpresa, não estavam preparados…

O segundo (vv. 40-41) coloca-nos diante de duas situações da vida quotidiana: o trabalho agrícola e a moagem do trigo… Os compromissos e trabalhos são necessários à subsistência do ser humano, mas não podem ocupar o lugar absoluto, deixando de lado o essencial, que é a preparação da vinda do Senhor.

O terceiro (vv. 43-44) coloca-nos frente ao exemplo do dono de uma casa que adormece e deixa que a sua casa seja saqueada pelo ladrão… Os fiéis não podem, nunca, ficar adormecidos, pois o seu adormecimento pode levá-los a perder a oportunidade de encontrar o Senhor que vem, sem hora marcada.

A questão fundamental, portanto, é esta: o cristão verdadeiro é aquele que está sempre vigilante, atento, preparado, para acolher o Senhor que vem. Não perde a oportunidade do encontro, porque não se deixa distrair com os bens deste mundo, não vive obcecado por coisas e não faz delas a sua prioridade fundamental… No dia a dia, ele cumpre o papel que Deus lhe confiou, com empenho e com sentido de responsabilidade.

Neste tempo de preparação para a celebração do nascimento de Jesus, somos convidadas a focar nossa vida no essencial, a redescobrir o que é realmente importante, e buscar “ter em nós os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo” (cf Fl 2,5). É essa a melhor forma de preparar a vinda do Senhor. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ