33º Domingo do Tempo Comum

10/11/2022

Tende cuidado; não vos deixeis enganar– Lc 21,5-19 – Estamos nos aproximando do fim do ano Litúrgico, cujo último domingo é a festa de Cristo Rei, a ser celebrada na próxima semana.

O Evangelho do 33º domingo relata os últimos momentos do ministério de Jesus nesta terra. Em linguagem simbólica, as leituras refletem sobre o sentido da história da salvação, apontando para a meta final, para onde Deus nos conduz: o novo céu e a nova terra, da felicidade plena, da vida definitiva.

            A descrição de acontecimentos como destruição, guerras, revoluções, lutas, terremotos, pragas, fome e visões podem dificultar a compreensão da Palavra de Deus, na qual Jesus nos convida a não ter medo, porque está próximo o fim dos sofrimentos.

            Na primeira Leitura, o profeta Malaquias, cujo nome significa “o meu mensageiro”, usa a imagem do fogo ardente, denunciando os arrogantes e malfeitores. Nesta época, o povo de Deus estava dominado por um poder estrangeiro, a nação persa. O profeta encoraja o povo a reagir contra as injustiças e reconstruir a nação, por meio da fé no Deus verdadeiro.

A segunda leitura reforça a ideia de que, enquanto esperamos a vinda de Jesus, não temos o direito de deixar de trabalhar, de nos acomodar, ignorando as grandes questões do mundo e deixando de dar nossa colaboração na construção do Reino.

O Evangelho é de difícil compreensão e muitas vezes é lido ao pé da letra. Diante de catástrofes naturais ainda hoje, muitas pessoas dizem: já estava tudo previsto, é como está escrito na Bíblia. Mas olhemos o texto mais de perto. O cenário deste Evangelho é Jerusalém, nos últimos dias antes da paixão. Jesus está no átrio do Templo e alguns “comentavam que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas”. Este comentário leva Jesus a pronunciar um discurso que os estudiosos chamam de “discurso escatológico”. São discursos que incluem o fim dos tempos, não como futuro cronológico, mas como o percurso de nossa vida. Dada a complexidade deste caminhar, tudo é apresentado de forma simbólica, com descrições com algum fundamento histórico, mas não como reportagem.

O ponto de partida deste discurso foi um fato histórico: a destruição do Templo de Jerusalém nos anos 70. Ė necessário considerar que, quando Lucas escreveu seu Evangelho, em torno dos anos 80-85, tudo já tinha acontecido. Os cristãos, certamente, entraram em profundo desânimo, achando que era o fim do mundo, Isto fez com que passassem a anunciar que Jesus voltaria logo. Dai a pergunta: quando vai ser? E vem a resposta de Jesus: “Tende cuidado; não vos deixeis enganar”. E então o evangelho segue com uma serie de recomendações. Muitas delas semelhantes com situações atuais. Haverá falsos Messias que vão dizer muitas coisas (cf.vv 11-19).

A grande mensagem das leituras deste domingo é que, em lugar de viverem obcecados com o fim, os cristãos devem preocupar-se em viver uma vida cristã cada vez mais comprometida com a transformação “deste” mundo aqui e agora. Se aqui e agora, cada pessoa se colocar na construção do bem, nosso mundo será um paraíso, Reino de Deus se realizará.

Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ