5º Domingo da Páscoa

28/04/2021

“Eu sou”– Jo 15,1-8 – No 5º domingo da Páscoa o evangelho também inicia com a afirmação de Jesus: “Eu sou”. No quarto domingo acompanhamos Jesus dizendo: “EU SOU o bom pastor”. Na narrativa deste dia temos: “EU SOU a verdadeira videira”. Trata-se de uma afirmação que define a identidade e a missão de Jesus. Somente Ele pode verdadeiramente afirmar o “eu sou”. Trata-se da revelação feita a Moisés e assumida por Jesus, de forma muito intensa, no Evangelho de João. Só Deus “é”. Jesus é o “eu sou” de Deus. Os humanos somos “imagem e semelhança”. Sabemos das consequências da pretensão do ‘eu’, de querer ser “como Deus”. A expulsão do paraíso continua ocorrendo todas as vezes que afirmamos “eu sou”. O “eu”que se impõe sobre o “nós”, o “eu” que se proclama senhor da vida e das relações, o “eu” que se determina dono da economia e da política é um “eu” que gera a morte, um “eu” que representa um grande perigo para a humanidade. A salvação estâ no “nos”.  A vida brota da relação entre as pessoas, o tronco e os ramos da “videira verdadeira.

O Evangelho deste 5º domingo da Páscoa tem novamente como cenário Jerusalém. Jesus está reunido com os seus discípulos à volta de uma mesa, numa ceia de despedida. Os gestos e as palavras de Jesus, neste contexto, representam as suas últimas indicações, o seu “testamento”, pois está consciente de que o “eu” dos dirigentes judaicos e romanos vai eliminá-lo.  Os discípulos recebem as indicações de como continuar a missão de Jesus. O recurso usado  para ajudar os discípulos a bem compreenderem, é a metáfora da videira, do tronco, dos ramos e dos frutos. É uma imagem muito conhecida e querida no Antigo Testamento. A “videira” e a “vinha” eram símbolos do Povo de Deus. Israel era apresentado como uma “videira” que Jahwéh arrancou do Egito, que transplantou para a Terra Prometida e da qual cuidou sempre com amor (cf. Sl 80,9.15). Nas denúncias proféticas temos “a vinha” que Deus plantou com cepas escolhidas, que Ele cuidou e da qual esperava frutos abundantes, mas que só produziu frutos amargos e impróprios (cf. Is 5,1.7; Jr 2,21; Ez 17,5-10; 19,10-12; Os 10,1).

Deus continua a cultivar o jardim da humanidade, na qual possa habitar a paz e a justiça, a fraternidade e a comunhão. E Jesus apresenta-Se como a verdadeira “videira” plantada por Deus (v. 1). De Jesus, a verdadeira “videira”, irá nascer um novo Povo de Deus. Um novo povo que permanecerá unido a Jesus, como os ramos estão unidos ao tronco. Os ramos, os que darão frutos, não tem vida própria. Seu “eu” depende do “eu sou”. Para produzir frutos, os ramos precisam nutrir-se da seiva que vem do tronco. Daí a insistência de Jesus de “permanecer” unido ao tronco. O verbo permanecer é chave de todo o texto. Do versículo 4 ao vers. 8, aparece sete vezes. Mostra a necessidade de ficar unido ao tronco, de não ser apenas o “eu”, mas de viver em dependência do “Eu Sou”. Um “eu” autônomo está desvinculado do tronco, não recebe a seiva que vem das raízes e é gerador de morte. Precisa ser cortado para que não traga prejuízos aos ramos que permanecem unidos ao tronco. Está unido a Jesus e permanece n’Ele quem acolhe no coração a proposta de vida e se compromete com uma existência de entrega a Deus e aos irmãos, até à doação completa da vida por amor. Ir. Zeniilda Luzia Petry – FSJ