20º Domingo do TC – Assunção de Nossa Senhora
Mulheres a caminho – Lc 1,39-56 e Mt 15,21-28 – Neste domingo, muitas Igrejas celebram a Solenidade da Assunção de Maria. Outras há que celebram o 20º do Tempo Comum, uma vez que a Solenidade da Assunção foi no dia 15. Por feliz “coincidência”, as respectivas narrativas evangélicas giram em torno da figura de “mulheres a caminho” e que, pelo seu ser e agir, são “estrelas de Evangelização”: Maria e a mulher cananeia. A festa da Assunção é a proclamação definitiva: “Bendita és tu, Maria, bendita entre todas as mulheres! Hoje, Jesus ressuscitado, te acolhe, feliz mãe, na glória do céu… Hoje, Jesus vivo, glorificado à direita do Pai, põe sobre a cabeça da sua mãe a coroa de doze estrelas… Muito já se comentou sobre o Evangelho de Lc 1,39-56. Pela visitação que Maria faz a Isabel, inicia sua itinerância de levar Jesus pelos “caminhos” do mundo. Cheia do Espírito Santo, Maria encontra as palavras da fé e da esperança: doravante todas as gerações a chamarão bem-aventurada! Pela Assunção, é Jesus que leva a sua mãe pelos “caminhos” celestes, para o templo eterno, para uma Visitação definitiva. Nesta festa, com Maria, proclamamos a obra grandiosa de Deus, que chama a humanidade a se juntar a ele pelo “caminho” da ressurreição. Com Maria nós proclamamos: “dispersou os soberbos, exaltou os humildes”. Os humildes, aqueles e aquelas que creem nas palavras de Jesus e se põem a “caminho”, como fez a mulher cananeia, cuja narrativa vem a nós no 20º domingo do TC. O episódio que nos é proposto vem logo após o confronto de Jesus com os fariseus e doutores da Lei, por causa das “tradições judaicas” (cf. Mt 15,1-9). Jesus rompe com este grupo e “retirou-Se dali e foi para os lados de Tiro e de Sídon”. Israel se recusa a acolher a proposta do Reino e Jesus se retira do seu território, certamente cheio de indignação e decepção. A comunidade dos discípulos acompanha Jesus. Neste cenário, apresenta-se uma mulher Siro-Fenícia, ou seja, uma mulher “pagã”. Aos olhos dos judeus, a Fenícia não era uma região “recomendável”. Muitos acontecimentos negativos tiveram sua origem na Fenícia…. Mas olhemos para a mulher “cananeia”. É uma figura que nos impressiona pela fé, pela humildade e também pelo sofrimento que transparece no seu apelo. Ela está a “caminho” em busca da salvação de sua filha. Crê que Jesus possa atender seu pedido. Surpreende-nos a forma dura como Jesus trata esta mulher que pede ajuda. Primeiro, fica em silêncio, parece insensível aos seus apelos (v. 23). Com a intervenção dos discípulos, responde: “não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (v. 24). Transparece a consciência judaica de Jesus, de que Israel seria a primeira destinatária da salvação. Está indignado com a rejeição por parte de seus dirigentes. Diante do dramático apelo da mulher, “socorre-me, Senhor”, Jesus ainda assim responde: “não é justo que se tome o pão dos filhos para dar aos cães” (v. 26). A humildade, a firmeza e a convicção da mulher denuncia a atitude dos fariseus e doutores da lei. Ela não se sente mesmo a altura do “povo eleito”. Fica satisfeita com “as migalhas que caem da mesa” (v 27), diferente dos preconceituosos e auto-suficientes “donos da salvação”. Jesus conclui: “Mulher, grande é a tua fé. Faça-se como desejas”. Duas mulheres “a caminho”: uma para visitar a prima Isabel, levar Jesus e proclamar os seus louvores; outra, em busca de Jesus para salvar a filha e provoca Jesus a assumir sua missão de salvador do mundo. “Socorre-me, Senhor” é o brado de tantas mulheres “caminheiras” que buscam Jesus nestes tempos em que “filhas” e familiares estão “horrivelmente atormentados”… Ir. Zenilda Luzia Petry. FSJ.