XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM

16/07/2020

 

 A grandeza do pequeno – Mt 13,24-43 – Estamos lendo o capítulo 13 de Mateus, no qual estão narrados sete parábolas sobre o Reino de Deus. A primeira delas lida no domingo anterior é a do semeador e da semente. O Evangelho deste domingo apresenta-nos um bloco de três parábolas, tendo mais uma vez a imagem das sementes: primeiro do trigo e do joio, seguido da semente de mostarda, concluindo com a parábola do fermento. As três têm como ponto de partida imagens de coisas muito pequenas. A linguagem das parábolas, preferida por Jesus, é uma linguagem rica, expressiva, cria impacto.  Partem da realidade concreta, mas sempre rompem com a lógica natural humana.. É um excelente recurso de linguagem para contextos polêmicos, porque faz as pessoas pensar e buscar a verdade. É uma forma das mais apropriadas para revelar os mistérios do reino de Deus.  A primeira parábola que nos é proposta é a do trigo e do joio (vv. 24-30). Trata-se de um quadro da vida quotidiana: há um “senhor” que semeia trigo no seu campo; mas há também um “inimigo” que semeia o joio,  uma erva gramínea que nasce entre o trigo e o danifica. Há também os “servos”, cuja função é garantir uma boa colheita. A lógica de qualquer agricultor seria de arrancar o joio. O que desconstrói esta lógica é o “senhor” ordenar que deixem crescer trigo e joio juntos. Partindo do contexto destas parábolas, há que considerar que os fariseus e outras lideranças religiosas, no tempo de Jesus, O acusavam de conviver com os pecadores, com os impuros, de sentar-se à mesa com gente desclassificada, de deixar-se tocar por pecadoras públicas… Com esse comportamento “escandaloso”, Jesus denuncia a religião oficial que excluía aqueles que Deus amava.  O Deus de Jesus Cristo é um Deus paciente e misericordioso, lento para a ira e rico de misericórdia (cf Jn 4,2; Sl 86,15). Deixa crescer lado a lado, o bem e o mal, e seu respeito pela liberdade humana segue avante enquanto houver vida. No “dia da colheita” se evidenciará a dinâmica da justiça divina, que é misericórdia. Mais duas pequenas parábolas estão inseridas no Evangelho deste domingo: a do grão de mostarda (vv. 31-32) e a do fermento (v. 33). Ambas acentuam a desproporção entre a imagem e o resultado. O grão de mostarda, uma pequena semente, resulta numa árvore em cujos ramos as aves se aninham. O fermento, uma pequena porção, tem a capacidade de fermentar uma grande quantidade de massa. Esta é a lógica do Reino. Trata-se de um dinamismo de vida nova que começa como uma pequena semente lançada à terra, num lugar “periférico” da Galileia, com um grupo insignificante de pessoas. O grandioso do Reno de Deus surge do “pequeno”, do invisível. Numa “infeliz” comparação, olhemos para COVID 19. Um vírus invisível, surgido num lugar não bem identificado, foi capaz de gerar uma pandemia de proporções nunca imaginadas. Podemos nisto ver a dinâmica do Reino. Quem diria que de Nazaré seria lançada uma semente, capaz de transformar pessoas e sociedades, que derrubaria tronos e impérios? A lógica da dinâmica do Reino de Deus desconstrói todas as lógicas humanas. É no pequeno e insignificante que se revela o mistério de Deus. Ir. Zenilda Luzia Petry  – FSJ.