SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE – 07/06
Mistério de amor insondável – Jo 3,16-18 – Solenidade da Santíssima Trindade – A festa que hoje celebramos é um convite a contemplar o mistério de Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os seres humanos para fazê-los contemplar e participar desse mistério. Não se trata de decifrar o mistério que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”, mas de entrar na dinâmica do amor Trinitário. ”Quem ama conhece a Deus, pois Deus é amor” (cf.1Jo 4,8). No Evangelho, João convida-nos a contemplar um Deus cujo amor pela humanidade é tão grande, tão sem medida, capaz de enviar ao mundo o seu Filho único, com sua humilhação já prevista. Jesus, o Filho amado do Pai, cumprindo o plano divino, fez da sua vida um dom total, até à morte na cruz, a fim de oferecer à humanidade a vida plena e definitiva. Nesta fantástica história de amor, revela-se a grandeza do coração de Deus, que é infinita misericórdia. O texto do Evangelho da liturgia de hoje é extraído da reservada conversa entre Jesus e Nicodemos (cf. Jo 3,1-21). Nicodemos foi visitar Jesus “de noite” (Jo 3,2), o que parece indicar que não se queria comprometer e arriscar a posição destacada de que gozava na estrutura religiosa judaica. Membro do Sinédrio, Nicodemos aparecerá, mais tarde, a defender Jesus, perante os chefes dos fariseus (cf. Jo 7,48-52); também estará presente quando Jesus foi descido da cruz e colocado no túmulo (cf. Jo 19,39). No recorte literário do diálogo, depois de explicar a Nicodemos que o Messias tem de “ser levantado ao alto”, como “Moisés levantou a serpente” no deserto, Jesus explica como é que a cruz se insere no projeto de Deus (v.16). Jesus revela a Nicodemos que o Filho veio ao mundo, assumiu toda a história humana, em sua grandeza e decadência. Por causa de sua fidelidade ao Pai e por se opor a tudo que ofende a vida e a dignidade, foi preso, torturado e morto numa cruz. Mas o amor misericordioso do Pai não desiste. Jesus veio ao mundo porque o Pai ama as pessoas e quer salvá-las (v. 17). Não quer condenar ninguém. Este é o mistério de amor insondável a ser contemplado na festa da Santíssima Trindade. Uma Trindade que se revela na igualdade, na diversidade e na unidade, espelho de vida para os discípulos e discípulas de Jesus. Diante deste amor infinito, é nos concedido a liberdade de optar por viver no amor e na doação, escolher a dinâmica do Deus Uno e Trino, ou continuar escravos da desigualdade, da auto referência, da divisão e se excluir da salvação. A salvação ou a condenação não são um prêmio ou um castigo de Deus, mas o resultado da escolha livre da pessoa humana. A responsabilidade pela vida definitiva ou pela morte eterna recai sobre cada pessoa. Em tempos de pandemia, mais do que nunca, as opções pessoais trazem consequências de vida preservadas ou de inúmeras fatalidades. Numa atitude de esperança, neste dia, vamos contemplar o divino mistério, junto com a multidão de vítimas da atual pandemia que já está no seio da Trindade amorosa. Esta é nossa profissão de fé nesta Solenidade da Santíssima Trindade de 2020. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ