Domingo dia 03/11

01/11/2019

Zaqueu, o homem que viu Jesus e assumiu a partilha – Lc 19,1-10 – Vamos caminhando para a etapa final do “caminho para Jerusalém”. O episódio de hoje coloca-nos em Jericó, um oásis situado às margens do mar Morto, há cerca de 30 quilómetros de Jerusalém. Certamente é uma das últimas paradas antes de subir para Jerusalém. No tempo de Jesus, Jericó era uma cidade próspera, sobretudo pela produção de bálsamo e outros artefatos, cuja circulação era favorecida pela rota comercial que por ali passava. O personagem que se defronta com Jesus é, mais uma vez, um publicano. Um homem que o judaísmo oficial considerava pecador público, um explorador dos pobres, um colaborador dos opressores romanos e, portanto, um excluído da comunidade da salvação. Este texto é narrado somente pelo evangelista Lucas e aborda um dos temas prediletos do 3º Evangelho: Jesus é o Deus que veio ao encontro da humanidade com sua misericórdia. Encarnou-se para realizar, em gestos concretos, a libertação dos oprimidos, a inclusão no Reino de Deus, especialmente dos marginalizados e excluídos da salvação.. Mas quem é Zaqueu? Lucas apresenta-o com bastante detalhes. Chama-o pelo nome: Zaqueu; informa sua origem: Jericó; detalha sua profissão; chefe de cobradores de impostos; apresenta sua condição social: é rico; ainda o identifica fisicamente: é de baixa estatura; informa-nos sua motivação; quer ver Jesus. Este é o nosso personagem a quem Lucas dedica uma bela página de seu Evangelho. Este homem procurava “ver” Jesus. O “ver” indica aqui, provavelmente, mais do que curiosidade. Trata-se da procura intensa de um sentido maior para sua vida. O “mestre’, de quem ouvia falar, era quase inacessível a ele. Estava rodeado por  “puros” e “santos” que desprezavam os marginais como ele. A sua baixa estatura pode ser algo simbólico frente à grandiosidade pretendida pela religião oficial. Zaqueu supera o problema com muita criatividade. a) Corre à frente, adianta-se; b) Chega primeiro e sobe em um sicômoro, sem temer o ridículo que possa parecer; c) Vê e é visto por Jesus. Agora vem a grande provocação:  Como é que Jesus vai lidar com este colaborador dos romanos, pecador confesso, excluído pela religião oficial?  Jesus começa por provocar o encontro.  Olha e vê Zaqueu no alto de uma árvore. O alto da árvore não é lugar para o encontro. Ordena-lhe que desça e o faça depressa. Jesus está interessado em ir à casa de Zaqueu, lugar de encontro, de comunhão, de familiaridade, de partilha.  Um quadro “escandaloso”! Jesus, rodeado pelos “puros”, deixa todos de lado e vai para a casa de um marginal, um pecador que prejudicou a muitos. Como é que a multidão que rodeia Jesus reage a isto? Sabemos pelo relato que todos se põem a murmurar. Como pode que Jesus vá na casa de um tal pecador? Sabemos também pelo relato como seu este encontro de Jesus com Zaqueu. De pé, em prontidão e decisão,  confessa seus erros e assume o novo modo de vida. A lógica de Deus é diferente da lógica humana. A salvação é misericórdia sem limites. Esta misericórdia se concretiza em gestos concretos que Zaqueu se propôs a realizar. Ver Jesus implica em assumir a partilha. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ