23º Domingo do Tempo Comum – Dia 08/09

04/09/2019

Um banquete que exige renúncias – 23º Domingo do Tempo Comum – A liturgia deste domingo convida-nos a tomar consciência de quanto é exigente o caminho do “Reino”. Optar pelo “Reino” não é escolher um caminho de facilidade, mas sim aceitar percorrer um caminho de renúncia e de entrega da própria vida. O Evangelho traça as coordenadas do “caminho do discípulo”: um caminho em que o “Reino” precisa estar acima das pessoas que amamos, dos bens que possuímos, dos interesses e esquemas pessoais. É a cruz de Jesus antecipada, permanente, uma entrega a “fundo perdido”. Estamos ainda no “caminho para Jerusalém”. Desta vez o ensinamento de Jesus dirige-se “às multidões”. O evangelho do domingo anterior nos desafiava a compreender uma certa “subversão”  do “banquete do Reino”. Era aberto a todas pessoas e não somente a um grupo que se tinha como “donos da salvação” que se sentariam à mesa com Abrão e Moisés. A este banquete, os pobres, estropiados, cegos e coxos, todos excluídos, tinham acesso. Neste domingo Lucas vai apresentar algumas exigências para poder participar do “banquete do Reino”. O tema da “renúncia” é central. A primeira exige preferir Jesus à própria família (v. 26). O verbo que aparece é “odiar”. O sentido deste verbo não pode ser o de “ser movido pelo ódio”, tão presente em nossa sociedade hoje.  O ódio  vai contra o projeto de Jesus que é “amar”. Conforme a maneira oriental de falar, “odiar” significa “ter como mais importante”. Os pais, a quem o 4º mandamento manda amar, não nos devem impedir de optar por Jesus e seu “Reino”. Se for necessário escolher, o “Reino” deve vir em primeiro lugar. A segunda exigência é a renúncia à própria vida (v. 27). O discípulo de Jesus não pode viver fazendo opções egoístas, colocando em primeiro lugar os seus interesses, os seus esquemas, aquilo que é melhor para ele. Precisa colocar a sua vida ao serviço do “Reino” e fazer da sua vida um dom de amor aos irmãos, se necessário até à morte. A terceira exige a renúncia aos bens (v. 33). Jesus sabe que os bens podem facilmente transformar-se em deuses, escravizar as pessoas. Dar prioridade aos bens significa viver de forma egoísta, esquecendo as necessidades dos irmãos. A dinâmica do “Reino” é viver no amor e deixar que a vida seja dirigida por uma lógica de amor e de partilha. Sem renunciar os bens não se vive  no Reino. O caminho do Reino é um caminho exigente. Não é sem razão que Jesus diz: “Se alguém quer me seguir”. Trata-se de uma opção livre. A parábola do homem que, antes de construir uma torre, pensa se tem com que terminá-la (vv. 28-30) e a parábola do rei que, antes de partir para a guerra, pensa se pode opor-se a outro rei com forças superiores (v. 31-32) convidam a nós, todos e todas, a tomarmos consciência da nossa força, da nossa vontade, da nossa decisão em corresponder aos desafios do Evangelho e assumir, com radicalidade, as exigências do “Reino”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ