Identidade e missão
Identidade e missão – Mt 16,13-19 – Festa de São Pedro e São Paulo! A Liturgia deste domingo nos traz o mesmo episódio do domingo anterior, porém narrado pelo evangelista Mateus. Pelo que tudo indica, trata-se de um episódio de grande importância para as primeiras comunidades cristãos, pois o mesmo é relatado pelos três sinóticos. Uma leitura comparativa das três narrativas evidencia, de um lado, a riqueza teológica de cada evangelista e, de outro, a importância de ser ter clareza sobre a identidade e a missão de Jesus e de seus seguidores.
Enquanto em Lucas “Jesus está em oração com seus discípulos”, para Mateus e Marcos Jesus “caminha pela região de Cesareia de Filipe”. A indicação geográfica já sinaliza o conteúdo da
catequese. Cesareia de Filipe está situado ao pé do Monte Hermon, onde nasce o Rio Jordão. O nome é uma homenagem a Filipe, um dos filhos de Herodes e povoado é ocupado pelas elites de Jerusalém para lazer e descanso. Não se trata de um ambiente favorável a Jesus e sua proposta de vida. Como já vimos, Lucas afirma que Jesus estava lá em Oração. Marcos informa que Jesus está “caminhando” e Mateus afirma que ele “chegou” a esta região. Então vem a mesma pergunta em todas as narrativas. “Qual o opinião do povo” sobre Jesus, sua pessoa, sua missão, sua identidade. As repostas também são as mesmas. Referências a pessoas reconhecidas do passado. Todas bem reconhecidas, mas pessoas que eram simplesmente humanas e já não estão mais entre os vivos. Na pergunta direta aos discípulos, a resposta vem de Pedro: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Pedro reconheceu a identidade e a missão Jesus com muita firmeza. Na versão de Mateus, Pedro recebe um elogio especial, enquanto em Marcos, uma repreensão e ordem de silêncio. Logo a seguir vai ficar claro que o entendimento de Pedro não estava de todo adequado. Em Marcos a repreensão é muito dura. Seu pensar é de Satanás, mesmo dizendo que “Jesus é o Messias”. O mesmo ocorre em tantas aclamações de Jesus hoje. Pode-se fazer “marchas para Jesus” e contar com a presença de milhares de crentes. Mas quando o chefe da nação acompanha a marcha, veste até a camiseta do evento, mas faz gesto de uso de armas, é satanás em ação. Foi a grande repreensão dada a Pedro que quis desviar Jesus de sua “missão de servo”. É um agir satânico para o qual Jesus não tem palavras suaves. Para Mateus, Pedro, discípulo sincero de Jesus, como pedra, deve ser fundamento para a comunidade que assume o projeto de Jesus, que faz sua “marcha com Jesus”. Mais do que privilégio, as palavras de Jesus alertam Pedro para o enorme compromisso de manter-se fiel. Jesus reafirma sua identidade e missão anunciando sua paixão.
É o caminho de Pedro, de Paulo e de todos os seus seguidores e seguidoras. Ir. Zenilda Luzia
Petry – FSJ