O perdão dos pecados a todas as nações
O perdão dos pecados a todas as nações – Lc 24, 46-53 – Este domingo recorda a elevação de Jesus ao céu. É a festa da Ascensão do Senhor. Narrada pelos Evangelhos Sinóticos e pelo livro dos Atos (At 1,1-11), a elevação de Jesus ao céu nos remete ao destino pleno de toda a humanidade fiel. Todos viemos de Deus e para ele iremos retornar. A narrativa da ascensão deste ano pertence à literatura lucana e tem paralelos com os demais relatos (Mt 28,19-20 e Mc 16,15-16). Cada evangelista, porém, tem focos teológicos próprios: Em Marcos é “pregar o evangelho por todo o mundo e para toda criatura” (16,15). Em Mateus é “fazer discípulos em todas as nações” (28,19). Em Mateus e Marcos a ascensão se dá na Galileia e em Lucas em Betânia, perto de Jerusalém. Nos Atos ainda temos a informação de que foi no Monte das Oliveiras. Em Mt e Mc o acento do envio está na pregação, no discipulado e no Batismo. Em Lucas o foco é a reconciliação e o testemunho a todas as nações (24,47-48). O conteúdo da missão em Lucas é a conversão e o perdão. A pregação será feita “em seu nome” (24,47). O “nome” é termo frequente em todo o Novo Testamento. Mas em Lucas o nome de Jesus é citado de forma particular: “Jesus” é o nome anunciado pelo anjo (Lc 1,31) e dado pelos pais (2,21). Agora é o “nome” pelo qual os discípulos testemunham a salvação. O mesmo acontece com o termo nações. O caminho dos discípulos, em Atos dos Apóstolos, é rumo às nações. A pregação visa a “conversão para o perdão dos pecados” (Lc 24,47). A conversão é para o perdão dos pecados e Lucas não acentua o “fazer discípulos e o batizar”. Perdão, no AT, era no sentido econômico: saldar dívidas (Lv 16,27 e Dt 15,1) e em sentido social: libertar os cativos. Perdão, em Lucas, tem o sentido de libertação de tudo o que oprime, escraviza, tudo aquilo que não traz paz e alegria. O perdoar-libertar está no centro da missão de Jesus e da missão confiada por ele a seus discípulos. E vós sois testemunhas disso (24,48)! Eu enviarei sobre vocês o que o Pai prometeu. Quanto a vós permanecei na cidade até que sejais revestidos pelo poder do alto” (24,49). O poder é parte do Plano da salvação histórica do Pai. Por isso os discípulos devem esperar em Jerusalém. Jerusalém, mais do que um lugar geográfico, é lugar teológico. A morte e ressurreição de Jesus terão que ser experiência vital de todo seguidor/a de Jesus. Então a atitude necessária é esperar “até serem investidos com o poder que vem do alto”. Para Mateus e Marcos, o lugar teológico é a Galileia, lá onde Jesus iniciou sua missão. É também de lá que Jesus envia os seus, antes de retornar ao Pai. Para Lucas, a ascensão se dá em Betânia, fora da cidade. Jerusalém é o ponto de partida da Palavra. Feita a experiência da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, os discípulos estão habilitados para prosseguir com a missão de Jesus. Eles não farão seu próprio caminho, não serão mestres, não serão anunciadores com vantagens próprias. A missão é do Pai, confiada a Jesus e confirmada pelo Espírito Santo. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ