Traição, entrega, morte e glória
Traição, entrega, morte e glória – Jo 13,31-35 – No 5º Domingo da Páscoa o Evangelho nos conduz a acompanhar Jesus que faz seu testamento durante uma ceia, que inicia em Jo 13,1 e vai até Jo 17,26, quando faz a longa prece ao Pai, uma das mais belas orações de toda a Sagrada Escritura. “Pai, chegou a hora” (Jo 17,1). É a “hora de Jesus” sobre a qual o Evangelho de João traça um dos seus belos esquemas teológicos. A chamada “última ceia”, a HORA de Jesus, é bastante longa, segundo o relato joanino. Ao falar sobre a saída de Judas que o entregará, Jesus trata da aceitação da morte como caminho de manifestação de sua glória, uma glória que provém de outra origem: a entrega plena por amor. É esta entrega que resulta em plena glorificação. O ser humano, criado na luz e no amor de Deus, opta por ser inimigo de seu criador e mergulha nas trevas. Mas, por amor, Jesus põe sua vida nas mãos dos inimigos para salvá-los. Este amor desproporcional evidencia a força e a grandeza do amor e da misericórdia divinas. A traição é transformada em oportunidade de glorificação. Agora trata-se de orientar seus seguidores para prosseguirem no mesmo caminho. ”Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. O mandamento do amor já existia no AT (Lv 19,18), mas Jesus o identifica como “novo”. Qual a novidade? “Amem-se uns aos outros. Assim como EU amei vocês, amem-se uns outros”. Mandamento não é um convite, um conselho, mas uma condição da identidade cristã. A medida do amor é o amor com que Jesus nos amou. A entrega total, a gratuidade, a ausência de qualquer autorreferencialidade gera a plena glorificação. Enquanto éramos pecadores, sem nenhuma perspectiva de correspondência ao seu amor, ele deu a vida por nós. Ele não pede amor para si, mas a favor do irmão, da irmã. Este será o caminho da divulgação de sua mensagem. Jesus conclui dizendo: “nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos se tiverdes amor uns para com os outros”. É o distintivo do verdadeiro cristão. O amai-vos uns aos outros, COMO eu vos amei”, é uma síntese da vida de Jesus e a regra de ouro da Comunidade Cristã para concretizar o projeto de Deus. O testemunho do amor mútuo, do compromisso amoroso e solidário com o próximo é o caminho de uma Igreja em saída. Traição, entrega, morte é oportunidade de revelação da face de nosso Deus. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ
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