“A VÓS QUE ME ESCUTAIS”
“A VÓS QUE ME ESCUTAIS” – Lc 6,27-38 – O Evangelho deste domingo nos faz ver que há pessoas que escutam a Jesus e há quem não se dispõe a ouvir sua palavra. “A vós que me escutais”. Trata-se de um discurso dirigido aos discípulos, conforme vimos no evangelho do domingo anterior, quando Jesus desce do monte e, na planície, anuncia o Reino de Deus aos pobres, aos que choram, aos que são perseguidos (cf Lc 6,20-26), os que “escutam sua palavra. A estes Jesus ordena que “ame seus inimigos”. Uma ordem até difícil de ser compreendida e aceita por nós hoje. Talvez tenhamos que nos perguntar quem são estes inimigos a quem se refere. No tempo de Jesus, os judeus, para quem foi escrito o Evangelho de Mateus, tinham como seus inimigos todo o povo que não fosse judeu, ou seja, os gentios. Para comunidades de Lucas, formada por cristãos de origem grega, inimigo era a pessoa de outra classe social. Rico era amigo de rico, homem era amigo do homem. Não se concebia rico ser amigo de pobre e vive versa. O texto deste domingo, nas suas entre linhas, revela uma realidade de contrastes sociais e apresenta a mudança de paradigmas. Aos pobres, aos caluniados, aos perseguidos, Jesus pede que amem seus inimigos, que façam o bem aos que os odeiam, que perdoem a quem os ofendeu, que rezem pelos que caluniam, que bendigam os que maldizem. E a quem bater numa face, que ofereça a outra. Pode-se ver claramente que se trata das pessoas sofridas, excluídas, perseguidas. A seguir, o texto indica que Jesus está se dirigindo a um outro grupo, aos que tem posses. “A quem possui um manto, caso seja roubado, que dê a túnica também”. Que se dê ao outro o que precisa e não queira a devolução. Caso empreste algo aos outros, não reclamar o retorno. E o ensinamento de Jesus, dirigido aos ricos, fica ainda mais claro quando afirma: “Amai vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar nada” (v 35). Há estudiosos que afirmam que tal frase não teria sido dirigida, de forma alguma aos pobres, mas sim aos ricos. Que amem seus inimigos, ou seja, que amem os pobres, que façam o bem a eles e que emprestem sem esperar nada. Fraternidade, justiça, partilha, igualdade! Esta é a proposta de Jesus. Na conclusão final do texto fica, a todos, ricos e pobres, o maior de todos os mandamentos: “Sede misericordiosos como vosso pai é misericordioso”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ
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