9º Domingo do Tempo Comum

30/05/2024

O Filho do Homem é Senhor do sábado – Mc 2,23-3,6 – Voltamos ao Tempo Comum, ano B e continuamos com a Leitura do Evangelho de Marcos. A narrativa deste domingo pertence às primeiras páginas deste Evangelho e é bastante polêmica. Revela desde logo o destino de Jesus, conforme lemos: Os fariseus, porém, logo que saíram dali, reuniram-se com os herodianos para deliberarem como haviam de acabar com Ele (Mc 3,6). O conflito ocorre em torno do preceito de “guardar o sábado”, tema também abordado na primeira leitura do livro do Deuteronômio, quando tinha o sentido de ser um dia para celebrar a libertação da escravidão do Egito e a unidade do povo. Era dia especial de adorar a Deus, visto que Moisés pedia para ir ao deserto, pelo caminho de três dias, para adorar a Deus (cf Ex 3,18). No Evangelho Jesus busca recuperar este sentido originário do preceito do sábado, que a interpretação legalista tinha desviado de foco. Ao invés de celebrar a vida e a liberdade, impôs nova forma de escravidão. Olhando o relato mais de perto, vemos que o texto conclui a primeira parte do Evangelho, que descreve a fase inicial do ministério de Jesus, segundo Marcos (cf. 1,14-3,6). Aponta diversas controvérsias entre Jesus e os seus opositores, especialmente a respeito de práticas rituais judaicas, entre elas, o sábado judaico. A novidade do Reino de Deus entra em confronto direto com o ambiente gerado pelas elites religiosas do judaísmo, que marginalizava publicanos e pecadores, doentes e paralíticos, pois se regia por um legalismo opressor. Ao contrário, o amor de Deus acolhe os marginalizados e excluídos, cura os doentes, perdoa pecadores, coloca a Lei a serviço da vida. A conclusão deste bloco é a morte de Jesus (3,6). O Evangelho de hoje se movimenta em dois cenários:  de agricultura e da Sinagoga. A narrativa escrita é composta por dois episódios que colocam Jesus em confronto com a instituição do sábado judaico. O primeiro relata que os discípulos, passando por uma seara, colhem espigas para comer; no segundo, na Sinagoga, há um homem com uma mão atrofiada. Ambos os episódios ocorrem em dia de sábado. Está em jogo a observância da Lei ou a defesa da vida. Jesus tem clareza a respeito do sentido originário da Lei e sobre os critérios do Reino de Deus. Há também um outro aspecto a considerar e de extrema atualidade. As necessidades humanas têm precedência, até mesmo em relação ao “sagrado”. A fome dos discípulos, mesmo sendo sábado, dia sagrado, está acima. O mesmo vale para o homem de mão atrofiada, na sinagoga, num sábado. Na interpretação de Jesus, é fundamental que o que é sagrado esteja ao serviço das pessoas. Jesus não retira o valor do sábado como dia consagrado ao Senhor, mas resgata o seu sentido originário: “O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado” (2,27). Jesus é o senhor do sábado, é para o recolocar ao serviço do homem e da salvação da vida. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ