7º Domingo do Tempo Comum

17/02/2022

 ‘Digo-vos a vós que Me escutais’ – Lc 6, 27-38-A liturgia deste 7º domingo do Tempo Comum nos traz a radicalidade evangélica de uma vida de seguimento de Jesus; exigência de um amor total, sem limites, mesmo para com os inimigos. Jesus pede aos seus seguidores um coração disponível para perdoar, para acolher, para amar O primeiro passo a ser dado é “escutar’ o que Jesus nos fala, “acolher” sua palavra, superar as resistências que o mundo coloca no coração humano, abandonar as racionalizações de quem se coloca acima da Palavra de Deus.

O cenário do Evangelho é uma continuação do “discurso da planície”, iniciado no domingo anterior.  As “bem-aventuranças” (cf. Lc 6, 20-26) propunham aos seguidores de Jesus uma dinâmica nova, diferente da dinâmica do mundo. Jesus exige dos seus uma transformação dos próprios sentimentos e atitudes, de forma que o amor ocupe sempre o primeiro lugar.

A exigência de amar e perdoar não é uma novidade inventada por Jesus. O Antigo Testamento já conhecia a exigência de amar o próximo (cf. Lv 19, 18). O amor e o perdão ao inimigo se referia, porém, aos adversários israelitas (cf. 1 Sm 24, 26). Jesus vai muito mais além da doutrina do Antigo Testamento. Para Ele, é preciso amar o “próximo”; e o “próximo” é o outro, até mesmo o inimigo, o que nos odeia, aquele que nos calunia e amaldiçoa. Isto parece humanamente impossível, ou até meio desumano.

Jesus não nos pede que tenhamos uma atitude covarde, passiva ou de colaboração com a injustiça e a opressão. O que Ele nos pede é que sejamos capazes de gestos concretos que  desarmem os corações tomados pelo ódio e pela violência, tão fortes no mundo atual. Que não paguemos o mal com o mal, que não cultivemos este vírus que mata até mesmo inocentes

Se não houver outra forma de conter esta corrente do ódio e da violência, (que é decisão da pessoa que assim procede)  que sejamos capazes de assumir a existência de inimigos como uma oportunidade concedida por Deus para vivermos o mandamento de Jesus: “amai os vossos inimigos”.

 Os seguidores de Jesus assumirão a bondade, o amor e a ternura de Deus como de ser na vida. O amor é a única forma de gerar outra dinâmica de vida. O inimigo pode até continuar a agir como inimigo, mas perde sua força destruidora na pessoa que ama. Sede misericordiosos,
como o vosso Pai é misericordioso.

Nossa vida é mais verdadeira quando assumimos a misericórdia como projeto de vida. Tudo o que dizemos e fazemos se torna uma manifestação da misericórdia, que é o próprio Deus e se concretiza no não “julgar”, no não “condenar”, no “perdoar”, no “doar” e “partilhar”. Misericórdia é a atitude divina que “abraça a miséria”, é o dom de Deus que acolhe e que perdoa. Neste contexto se pode compreender melhor o mandamento do amor aos “inimigos”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ