7º Dom TC – Dia 23/02/2020
“Sede perfeitos como vosso Pai é perfeito” – Mt 5,38-48- A liturgia do sétimo Domingo do Tempo Comum convida-nos à santidade, à perfeição. Sugere que o “caminho cristão” é um caminho nunca acabado, que exige de cada homem ou mulher, em cada dia, um compromisso sério e radical, feito de gestos concretos de amor e de partilha, na dinâmica do “Reino”. Jesus, no contexto do “sermão da montanha”, continua a propor aos discípulos, de forma muito concreta, a sua Lei da santidade. Neste discurso Ele pede aos seus que aceitem inverter a lógica da violência e do ódio, pois esse “caminho” só gera egoísmo, sofrimento e morte. Pede-lhes, também, o amor que não marginaliza nem discrimina ninguém, nem mesmo os inimigos. É nesse caminho de santidade que se constrói o “Reino”. O primeiro exemplo que o Evangelho de hoje nos propõe refere-se à chamada “lei de talião” (vv. 38-42). A “lei de talião”, a fórmula do “olho por olho, dente por dente”, aparece em vários textos do AT (cf Ex 21,24; Lv 24,20; Dt 19,21). Em si, era uma lei destinada a evitar as vinganças excessivas, brutais, indiscriminadas. O mal tende sempre a ser maior do que a causa primeira. Jesus não se dá por satisfeito com uma lei que apenas limita os excessos na vingança, e propõe uma lógica inteiramente nova. Não basta manter a vingança dentro de limites razoáveis; é preciso acabar com a origem da violência de uma vez por todas. Interromper o curso da violência, assumir uma atitude pacífica de não resposta às provocações. E seguem quatro exemplos de modos de agir frente à violência: não responder com a mesma moeda, mas oferecer a outra face (v.39); entregar também a capa a quem roubou a túnica, ou seja toda a sua proteção (v 40); acompanhar mais outra milha a quem forçou uma milha ((v.41) e ser generoso com quem pede emprestado (v. 42). O amor, a gratuidade, a misericórdia são os traços dos seguidores de Jesus. Ainda mais: o amor aos inimigos é outro traço (vv. 43-48). Jesus afirma que a Lei antiga recomendava: “ama o teu próximo e odeia o teu inimigo”… Inimigos, no tempo de Jesus, eram todos os que não pertenciam ao seu grupo: estrangeiros, os impuros, os pobres. Jesus traz uma verdadeira novidade e exige uma profunda mudança de mentalidade. Para Jesus, não basta amar aquele que está próximo, aquele a quem me sinto ligado por laços étnicos, sociais, familiares ou religiosos; mas o amor deve atingir todos, sem exceção, inclusive os inimigos. Fica, assim, abolida qualquer discriminação. Deus é pai de todos, faz brilhar o sol e envia a chuva sobre bons e maus (v. 45). E a conclusão de tudo isto é: “sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”. (Irmã Zenilda Petry, fsj)