6º Domingo da Páscoa
“Permanecei no meu amor” – Jo 15,9-17 – A Liturgia do 6º domingo da Páscoa nos leva a ver e sentir o “fio de ouro” que atravessa toda a história da Salvação. “Deus é amor” e este amor é a fonte de todo bem. “Permanecer” neste amor é o convite insistente de Jesus. O Pai, por amor, enviou seu Filho ao mundo que, em gestos e palavras, “assombrou” a humanidade pela sua capacidade de “amar ao extremo”. Os discípulos, que caminharam com Ele desde a Galileia até Jerusalém, foram testemunhas deste amor “até ao escândalo da cruz”. Este grandioso mistério é contemplado no Evangelho deste domingo, um dos tesouros da Sagrada Escritura. O cenário deste “tesouro” é o mesmo do domingo anterior. Estamos numa ceia, em contexto de despedida, na qual Jesus revela sua verdadeira identidade e convida os discípulos a assumirem também a sua identidade de seguidores do Mestre. Os capítulos 13 a 17 do Evangelho de João nos trazem os elementos fundamentais que ajudam a entender esta identidade de Jesus e dos discípulos. Na “alegoria da videira e dos ramos” (Jo 15,1-8),os discípulos foram convidados a “permanecer em Jesus”. Na sequência, o Evangelho nos mostra que esse “permanecer em Jesus” concretiza-se no “permanecer no amor” (Jo 15,9-17). Os discípulos devem manter-se unidos a Jesus pelo vínculo do amor. O modelo de relação que Jesus pretende manter com os discípulos é a relação entre o Pai e Jesus. O Pai amou o Filho e Jesus correspondeu ao amor do Pai, cumprindo os seus mandamentos. Os discípulos devem corresponder ao amor de Jesus, cumprindo os seus mandamentos: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor”. Quais são estes “mandamentos”? Certamente não serão as 613 normas que os dirigentes religiosos haviam estabelecido, a partir da “Lei de Moisés”. Jesus, em obediência ao Pai, veio libertar a humanidade da escravidão da lei e de tudo aquilo que a mantinha nas trevas. Jesus veio recriar o mundo e gerar um novo ser humano, livre do egoísmo e do pecado, capaz de estabelecer novas relações com os outros e com Deus. Como Jesus, os discípulos devem amar, até ao dom total de si mesmos, para que os seus irmãos tenham Vida. Se o fizerem, irão permanecer sempre unidos a Jesus, ou seja, “ligados” a Jesus. Essa relação será fonte permanente de alegria, de realização plena, de vida verdadeira, sustentada pela relação de amizade. A comunidade de Jesus e dos discípulos é uma comunidade de “amigos”, não de “senhores “e “servos”. São unidos por afetos verdadeiros, próprio dos “amigos”, que se antecipam uns aos outros, gratuitamente, cheios de alegria. A estes “amigos” Jesus revelou o rosto do Pai, um Pai que ama ao extremo, cheio de ternura e compaixão, que inclui os discípulos na missão do Filho. Agora trata-se de permanecer no amor de Jesus: amai-vos uns aos outros”. O amor partilhado é a condição para estar unido a Jesus e para dar fruto. Ir. Zenilda Luzia Petry _ FSJ