6º Domingo da Páscoa

21/05/2022

Guardar a Palavra por amor – Jo 14,23-29 – No sexto domingo da Páscoa continuamos no contexto da “ceia de despedida”. Jesus vai dando as orientações aos seus seguidores, agora focado na vida dos discípulos após a sua partida. Para prosseguir no seguimento é preciso amar Jesus e guardar a sua Palavra (cf. Jo 14,23). “Guardar” é atitude de quem descobriu o valor de algo ou de alguém. A Palavra é o dom mais precioso da vida de um discípulo.

Os seguidores de Jesus, no entanto, estão inquietos e desconcertados. Será possível percorrer esse “caminho” se Jesus não caminhar com eles? A sua Palavra vai sustentar a caminhada? Como é que eles manterão a comunhão com Jesus e como receberão dele a força para doar a própria vida, no dia a dia?

Além das orientações bem claras e concretas, os discípulos de Jesus terão a presença do “Paráclito”, isto é, do Espírito Santo (vv. 25-26), que o Pai vai enviar. O vocábulo “Paráclito” pode ser traduzido por “advogado”, “auxiliador”, “consolador”, “intercessor” assistente judicial”. A imagem do “assistente Judicial” vem dos tribunais jurídicos onde se tinha esta figura que fazia o papel de animador, de consolador, de apoio às vítimas. Trata-se do “defensor” das pessoas perseguidas ou acusadas, que não tinham quem as defendesse. Indiretamente Jesus alerta para o que irá acontecer aos discípulos: perseguição, incompreensão, acusações, sem terem quem os defenda nos tribunais jurídicos civis, assim como ocorreu com Jesus. Além de defensor, a função do “Paráclito” é “ensinar” e “recordar” tudo o que Jesus propôs, por meio de sua Palavra e pelas ações. O Espírito garante, dessa forma, que o discípulo possa continuar a percorrer esse “caminho” de amor e de entrega, unido a Jesus e ao Pai, em fidelidade à sua Palavra.

O texto prossegue com uma afirmação preciosa: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. O “mundo”, na linguagem joanina, significa o sistema judeu–romano injusto, que persegue, mata, destrói. São palavras destinadas a tranquilizar os discípulos e a assegurar-lhes que os acontecimentos que se aproximam não irão acabar com a relação entre Jesus e seus seguidores.

As últimas palavras de Jesus no texto (vv 28-29) afirmam que a ausência do Mestre não é definitiva, nem sequer prolongada. Vou partir, mas voltarei para junto de vós. Além do mais, os discípulos devem alegrar-se, pois a morte não é uma tragédia sem sentido, mas a manifestação suprema do amor de Jesus pelo Pai e pela humanidade. “Se Me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu”.

Jesus e o Pai amam de forma muito concreta e se antecipam nas orientações para que os discípulos acreditem e prossigam no seguimento fiel: “Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, acrediteis”. A fé, a confiança, a disposição de guardar a Palavra por amor são o segredo da alegria do Reino.  Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ