5º DOMINGO DO TEMPO COMUM

04/02/2022

A multidão aglomerada… para escutar a Palavra de Deus” – Lc 5,1-11- A liturgia deste 5º domingo do Tempo Comum convida-nos a refletir sobre a “escuta’ a Palavra de Deus, o “chamado” para o seguimento de Jesus e o “envio’ missionário. A partir de uma narrativa de Lucas, temos esta profunda relação entre a “palavra”, a “escuta”, o “chamado” e o “envio”.

            Estamos na Galileia, no início do ministério de Jesus. No texto anterior, lido nos dois últimos domingos, vimos como, na Sinagoga de Nazaré, no ambiente religioso de sua “cidade”, Jesus apresentou o seu compromisso, o seu projeto, anunciando a Boa Nova aos pobres, aos prisioneiros, a todos os excluídos do seu tempo. Os que “escutaram” sua palavra ficaram admirados. Mas pode-se dizer que foi uma “escuta” de pouca qualidade, pelo que ocorre a seguir. Escutaram, mas não acolheram, pois expulsaram Jesus da Sinagoga e quiseram precipitá-lo no abismo. No “espaço religioso” da Sinagoga, ouvia-se a palavra, mas era outro o modo de ouvir. Ouvia-se, mas não se acolhia a “boa nova” do Reino.

 Jesus se retira e vai “às margens do lago de Genesaré”. Uma multidão, certamente constituída de pessoas excluídas, sem acesso à sinagoga, sedentas da verdadeira Palavra, se aglomera para “escutar”.  Fazendo uso dos recursos disponíveis, Jesus sobe ao barco de Simão Pedro e põe-se a ensinar a multidão que o escutava a partir do barco. Não será sem razão que Lucas informe que o barco era de Simão Pedro. Líder do grupo, representa a Igreja que, com Jesus presente no barco, realiza a missão de anunciar a verdadeira Palavra de Deus.

 Do “anunciar e escutar”, se passa para o “agir’. “Quando acabou de falar, disse a Simão:Faz-te ao largo e lança as redes para a pesca’. A reação de Pedro foi imediata: “Mestre, trabalhamos toda a noite e não apanhamos nada”. Antes de escutar a palavra de Jesus, a pesca fora infrutífera. Uma noite de trabalho e nenhum resultado positivo. Mas “em atenção a tua palavra, lançarei as redes”. O resultado foi assombroso: “apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos”. Do “escutar” a palavra, do agir em obediência à Palavra, nasce a “comunhão, a participação e a missão”, palavras de ordem de uma Igreja em processo sinodal. Barcos se enchem, experimenta-se a solidariedade, as redes de relações não se rompem.

“Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-lhe: ‘Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador”. A “conversão” é outro grande clamor da Igreja na realidade atual. Por vezes, em nossa ação pastoral, ocupados a ‘noite toda’ em tantas atividades, vivemos a mesma experiencia: “não apanhamos nada”. Precisamos nos perguntar: agimos em “atenção à tua Palavra”, ou em “atenção aos próprios desejos”, em busca de promoção pessoal?,  como tanto nos alerta o Papa Francisco. Mudanças no modo de ser e de agir são frutos da “Palavra ouvida e seguida”.

Pedro e seus companheiros são tomados por um ‘temor reverente’. Uma nova Palavra ressoa em seus corações: “Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens”. Assim já não há mais o que esperar: “Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus”.

“Escutar a Palavra”  tem suas “exigências” e suas “consequências”. Superar nossas “resistências” é caminho a ser seguido e buscado sempre de novo….

Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ