5º Domingo da Quaresma

14/03/2024

“Ela começou a servi-los” – Mc 1,29-39 – Continuamos neste 5º domingo do Tempo Comum com a leitura do 1º Capitulo do Evangelho de Marcos, no qual Jesus é apresentado como o Messias que proclama o “Reino de Deus”. No domingo passado lemos o episódio do “ensinamento novo”, proclamado na sinagoga de Cafarnaum, num dia de sábado, quando Jesus curou um homem “possuído por um espírito mau”. A multidão ficou admirada pelo “ensinamento novo” e dado com autoridade, diferente da doutrinação legalista dos escribas. No Evangelho deste domingo temos uma verdadeira “agenda” de Jesus na concretização do reino de Deus, que se realiza em ações concretas. Após a expulsão do “espírito mau”, na sinagoga, Jesus se dirige à casa de Pedro, onde encontra uma senhora doente. Depois seu dia fica ainda mais preenchido: “ao anoitecer”, “a cidade inteira” está reunida “à porta” da “casa de Pedro”. Jesus atende às mais diversas necessidades do povo e a noite busca a “fonte” para bem realizar sua missão. A jornada não se encerra numa noite de intimidade com o Pai, mas há nova luz no horizonte. Olhemos o texto mais de perto. Do ponto de vista literário, há três cenários descritos. O primeiro é na “casa de Pedro e André”. Lá também estão Tiago e João. Uma casa de discípulos. A sogra de Pedro está lá também. Ela vive uma situação de fraqueza, de morte: “estava de cama com febre”. Jesus aproxima-se dela e a cura. O episódio é descrito com muita simplicidade e simbolismo. Três pormenores sobressaem na descrição. O primeiro é a indicação de que Jesus “aproximou-se” da mulher doente, portanto, de uma mulher impura. A iniciativa de Se aproximar é sempre de Jesus, independente da condição das pessoas. O segundo é a indicação de que Jesus tomou a doente pela mão e “levantou-a”. Tocou numa mulher impura e “levantou-a”. No idioma original, “levantar” alguém tem o mesmo sentido de “ressuscitar”. A mulher está prostrada, sem vida e Jesus lhe devolve a possibilidade de viver plenamente. O terceiro é a indicação de que a mulher “começou a servi-los”. “Servir”, em Marcos, significa tornar-se ‘discípula”. Em Mc 15, 40–41 lemos: E também ali estavam algumas mulheres,…  quais também o “seguiam”, e o “serviam”, quando estava na Galileia; e muitas outras, que tinham “subido” com ele a Jerusalém. Seguir, servir e subir são verbos que indicam o discipulado das mulheres. A sogra de Pedro torna-se verdadeira discípula. Depois disto vamos ao cenário do anoitecer. Está ali reunida “a cidade inteira”. Certamente uma informação carregada de simbolismo. O sol já se pôs, é noite. Podemos supor que Marcos esteja dizendo que a humanidade está mergulhada nas trevas. Aqueles enfermos e os endemoninhados representam todas as pessoas privadas de vida plena, que vivem nas trevas do sofrimento, da injustiça, do egoísmo, do pecado..  Só Jesus, o Messias, o Filho do Deus vivo, é capaz de lhes devolver a luz. No cenário final, antes de encerrar a jornada, vemos Jesus retirado num lugar solitário, em oração, condição para a construção do Reino. A tentação da popularidade fácil se manifesta já aqui na atitude de Pedro: “Todos te procuram”. Mas a oração é ponto de partida para o compromisso de transformação do mundo: “Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que Eu vim”.  Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ