5º Domingo da Páscoa

25/04/2024

Eu sou a videira verdadeira – Jo 15,1-8 – O Evangelho do quinto domingo da Páscoa poderia ser considerado como uma continuidade das tensões e ensinamentos transmitidos no discurso do Bom Pastor. Jesus é o “bom pastor” e há “mercenários” que não cuidam das ovelhas. Neste domingo, além da afirmação novamente do “Eu Sou”, vemos Jesus afirmando que ele é a “verdadeira videira”, certamente em oposição as “videiras” que só produzem uvas azedas (cf. Is 5,1.7; Jr 2,21, etc).  Olhemos mais de perto o texto. O cenário do Evangelho é Jerusalém. Jesus está reunido com os seus discípulos à volta de uma mesa. Consciente de que os dirigentes judaicos tinham decidido matá-lo e que a cruz estava no seu horizonte próximo, Jesus organizou uma ceia especial de “despedida”. O relato desta ceia é seguido de uma longa conversa de Jesus com Seus discípulos, descrito nos capítulos 13 a 17 do Evangelho de João. Trata-se de uma ceia de despedida na qual Jesus como que deixa seu “testamento”. Sua “herança” é o Projeto do Pai que os discípulos devem assumir e fazer crescer. Pelos seus gestos e palavras, Jesus deixou claro que: a) O servir é fundamental na comunidade cristã (cf. Jo 13,3-17);  b) O centro da vida cristã é o mandamento do amor (cf. Jo 13,33-35);  c)  O Espírito Santo virá como aquele que tudo ilumina (cf. Jo 14,15-6. 25-26; 15,26-27; 16,5-15); d) A paz é dom divino (cf. Jo 14,27-31); e) A garantia de que nunca abandona e que não deixa seus discípulos órfãos (cf. Jo 14,18-21); f) Finalmente, a importância de permanecer unidos a Ele (cf. Jo 15,1-8). O texto deste domingo faz parte deste relato Por meio da “alegoria da videira e dos ramos”, a catequese de Jesus rompe fronteiras. A imagem da videira tem suas raízes no AT. A “videira” e a “vinha” eram símbolos fortes do Povo de Deus. Israel era apresentado como uma “videira” que Javé arrancou do Egito, que transplantou para a Terra Prometida e da qual cuidou sempre com amor (cf. Sl 80,9.15). Deus sempre cuidou da “vinha” e esperava frutos abundantes, mas a vinha de Javé só produziu frutos amargos (cf. Is 5,1.7; Jr 2,21, etc). Assim como o Bom Pastor denunciava os “mercenários”, a afirmação de Jesus “Eu sou a videira verdadeira” certamente contém uma denúncia das “falsas videiras”, que não produzem os frutos saborosos.  Jesus inicia dizendo ser ele  a “verdadeira videira” (v. 1). A Ele, a “verdadeira videira”, estão ligadas os “ramos”, isto é, os discípulos de Jesus. Esta “verdadeira videira” e estes “ramos” são o novo Povo de Deus. Essa relação de intimidade, tal qual a do “Bom Pastor” e suas ovelhas”, gera bons frutos, gera vida nova, gera o Reino de Deus. Se algum dos “ramos” não der bons frutos, não realiza as obras do Reino, não der os frutos de acordo com a Vida que lhe é comunicada, será cortado. Para nada serve, pois nele não circula a seiva da videira. A bem da verdade, trata-se de uma autoexclusão. Para gerar frutos, o discípulo precisa “permanecer” em Jesus, verbo este que se repete várias vezes. Como “permanecer” em Jesus? É buscar sempre ouvir sua Palavra, acolhê-la no seu coração, olhar os gestos de Jesus e conduzir a própria vida na intimidade com Jesus, a “verdadeira videira”. A união com Jesus não é algo automática; exige decisão e fidelidade. É “permanecer” em Jesus. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ