5º Dom. TC – Dia 09/02/2020
“Brilhar e dar sabor”- Mt 5,13-16 – A Palavra de Deus deste 5º Domingo do Tempo Comum, em continuidade ao texto das Bem-Aventuranças, nos convoca ao compromisso missionário. Jesus afirma que seus seguidores são o “sal” que dá sabor ao mundo e “luz” que brilha indicando o caminho, luz que vence a escuridão. Estamos no contexto do “sermão da montanha” (cf. Mt 5-7). Jesus está no cimo de um monte, rodeado de seus discípulos (5,1) e acompanhado por uma grande multidão (4,24). Fala da nova ordem do Reino de Deus. Mateus reúne, num só discurso, um conjunto de “ditos” de Jesus, provavelmente, pronunciados em contextos e ocasiões diferentes, mas que traçam os caminhos da Nova Lei. Estar no cimo de um monte, na versão de Mateus, faz eco a Moisés no monte Sinai. Mesmo evocando Moisés e a antiga Lei, o texto deste domingo, nos mostra a superioridade da nova Lei. Enquanto a antiga se restringia ao “povo escolhido”, Jesus, ao proclamar que os discípulos são “sal da terra e luz do mundo”, aponta para a universalidade da missão de quem segue a Nova Lei. Não se trata de ser sal e luz de uns para os outros, mas é “do mundo”. Jesus define a missão do novo Povo de Deus que será confirmada no final do evangelho: “Ide a todas as nações”. Ser sal (v. 13). O sal é, em primeiro lugar, o elemento que se mistura na comida e que dá sabor aos alimentos. Também é um elemento que assegura a conservação dos alimentos e a sua incorruptibilidade. “Se o sal perder o sabor… já não serve para nada”, é uma alerta aos discípulos para a fidelidade à opção por Jesus e seu Reino. Daí a afirmação de “ser luz” (vv. 14-16). Jesus utiliza duas imagens para tal afirmação. A primeira, a da “cidade situada sobre um monte”, leva-nos a Is 60,1-3, onde se fala da “luz” de Deus que devia brilhar sobre Jerusalém e, a partir de lá, alumiar todos os povos. A segunda, a da “lâmpada colocada sobre o candelabro, a fim de alumiar todos os que estão em casa”, repete e explicita a mensagem da primeira: os que aderem ao “Reino” devem ser uma luz que ilumina e desafia o mundo. É possível que haja ainda nestas imagens uma referência ao “Servo de Jahwéh” de Is 42,6 e 49,6, apresentado como a “luz das nações”. A experiência Exilio da Babilônia leva os judeus a repensarem sua missão de “povo escolhido”, não em vista de si mesmo, mas para ser referência de vida para “todas as nações”. A partir de Jesus, essa presença da “luz” de Deus para alumiar as nações é missão dos discípulos. Mas esta missão dos discípulos não se dará por meio de sua autorreferencialidade, na escolha de lugares de visibilidade, com admiração e aplausos. A missão das testemunhas do “Reino” se dá por meio do testemunho de fidelidade e de denúncia profética num mundo onde falta brilho e sabor.
Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ