4º Domingo do Tempo Comum – 31/01
“Ensinar com autoridade” – Mc 1,21–28 – O Evangelho do 4º Domingo do TC está em continuidade ao do 3º domingo, quando Jesus “volta para a Galileia” e afirma que o “tempo se cumpriu”, anuncia que o “Reino de Deus está próximo”, faz a convocação à “conversão” e a “crer no Evangelho” (cf Mc1,14-20). De acordo com os Evangelhos Sinóticos, Jesus estabeleceu sua morada em Cafarnaum, durante o tempo do seu ministério na Galileia. Também vários dos discípulos, como Simão e seu irmão André, Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, são de Cafarnaum. Estas informações geográficas têm como objetivo principal evidenciar a catequese sobre o Reino de Deus. O povo da Galileia era considerado impuro e a elite religiosa de Jerusalém desprezava quem fosse galileu. Esta situação de marginalidade do povo faz com que o anúncio do Reino de Deus seja situado neste cenário geográfico e também cronológico. É um sábado! A comunidade judaica está reunida na sinagoga de Cafarnaum para o seu encontro semanal. Jesus, recém-chegado à cidade, como qualquer bom judeu, entra na sinagoga para participar na liturgia sabática. Lucas descreve também uma participação de Jesus na celebração sinagogal, onde é convidado a fazer a leitura e comentá-la (cf Lc 4,16-20). Marcos, sem maiores explicações, informa que Jesus “entrou na sinagoga”. É provável que tenha sido convidado para comentar as leituras feitas. Parece que sua fala foi original, criou impacto, pois foi diferente dos comentários dos “escribas”. As pessoas ficaram maravilhadas com as palavras de Jesus, “porque ensinava com autoridade e não como os escribas” (v. 22). Que “autoridade” é esta que o povo identifica em Jesus? O povo sabe que Jesus não tem a formação rabínica que os escribas possuem. Aliás, chegam a se questionar sobre sua sabedoria (cf. Mt 13,54). A “autoridade” de Jesus é também questionada por fariseus e saduceus (Cf Lc 20,1-8 ). No relato de Marcos, suas palavras são confirmadas por suas ações. Na sinagoga há “um homem com um espírito impuro”. O que é que este “espirito impuro” faz lá na sinagoga, lugar de ensino da Lei e de Oração? Marcos cria um cenário onde coloca o “espírito mau”, presente na sinagoga. É um “espirito” que “domina o homem”, desumaniza-o. Assim que ouve Jesus falar, se opõe violentamente. Ele sabe quem é Jesus, parece que sabe mais do que os escribas e os demais presentes. E então se manifesta a “autoridade” de Jesus. Não faz nenhum rito de exorcismo, como muitos pensam, mas revela a força libertadora de sua Palavra. Tem autoridade sobre os “espíritos maus”. Assim como em Lucas (cf Lc 4,16-20), este primeiro episódio do Evangelho de Marcos é uma espécie de apresentação do “programa de ação de Jesus”, que veio ao encontro da humanidade para libertá-la de tudo aquilo que a faz prisioneira e lhe rouba a liberdade e a vida. Em ambos os evangelhos, este inicio se dá na Sinagoga. Parece não haver dúvidas de que Jesus inicia sua ação libertadora no sistema religioso. Estaria ali a maior força enganadora do povo? Por sua Palavra e pela sua ação, liberta as pessoas de todos os “espíritos maus”, (violência, rejeição, mentira, dominação…) presentes no sistema religioso. Revelar o verdadeiro rosto de Deus parece ser o ponto de partida de toda e qualquer transformação. Nisto reside a “autoridade de Jesus”. Ele “sabe” de quem está falando. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ