4º Domingo do Tempo Comum

30/01/2025

Jesus seguiu seu caminho – Lc 4,21-30 – A liturgia deste domingo mostra-nos o caminho a ser percorrido pelos seguidores do Senhor. Na primeira leitura temos o profeta Jeremias partilhando seu chamado, sua vocação. Mostra que só é possível percorrer este caminho se o chamado for divino, com a garantia do apoio de Deus. O Evangelho, em continuidade ao do domingo anterior, relata o que ocorreu com Jesus após fazer a leitura do profeta Isaías na sinagoga de Nazaré. Todas as pessoas que estavam na sinagoga esperavam as suas palavras, pois ele já se tornara famoso. Ao fazer a leitura, conforme o costume judaico, ele poderia tecer umas considerações, fazer um comentário sobre o texto lido, E Jesus inicia dizendo: “cumpriu-se hoje mesmo este trecho da Escritura que acabais de ouvir”. Uma “atualização” inesperada. Os habitantes de Nazaré reagiram de forma negativa. Enquanto apenas fazia a leitura da Escritura, todos estavam atentos, mas quando fez a “atualização”, a reação foi imediata. As convicções e esperanças dos nazarenos eram outras. Esperavam sim um messias, mas que fosse poderoso, forte, que expulsaria os romanos e que promovesse a todos com poder e riqueza. Perceberam que Jesus assumia como suas as palavras do profeta, de levar a “boa nova aos pobres”, de “recuperar a vista dos cegos”, a “libertação dos prisioneiros” e “inaugurar um tempo novo”, uma época jubilar de renovação. Falava tudo com convicção e autoridade. Então a admiração que sentiam por Jesus foi substituída pela estranheza. Todos conheciam sua origem humilde, o “filho de José”, um artesão pobre, uma família igual às demais. Era muita pretensão de alguém deles se fazer portador de tal missão. A estranheza transformou-se em rejeição, indignação e hostilidade. Enquanto simples membro da comunidade, era benquisto pelos seus. Mas ao assumir sua missão profética, sofreu a rejeição e a hostilidade. Jesus conhecia o destino de todos os profetas ao longo da história, sempre rejeitados e hostilizados pelo povo. Com uma certa ironia, cita um provérbio popular: “médico, cura-te a ti mesmo!” Em outras palavra, os seu conterrâneos estariam dizendo a Jesus que olhasse primeiro para si mesmo antes de querer dar lições a eles. E acrescentou ainda um outro “dito”: “nenhum profeta é bem recebido na sua terra”. A partir daqui o discurso de Jesus tornou-se mais duro. Mostra que no passado, dois profetas igualmente rejeitados pelos seus, foram os enviados de Deus para ajudar em situações difíceis. Elias, rejeitado e ameaçado, foi enviado à casa de uma viúva estrangeira e salvou a vida dela e do filho. Eliseu, rejeitado em sua terra, foi enviado a curar o estrangeiro Naamã. Elias e Eliseu, rejeitados pelos seus conterrâneos, levaram as bênçãos de Deus a outros povos. Para Jesus, os habitantes de Nazaré deveriam saber que rejeitar o profeta era perigoso: estariam rejeitando os dons de Deus. A hostilidade transformou-se, então, em confronto aberto. Não era possível que eles fossem menos dignos que uma viúva fenícia ou do que um leproso sírio. Os habitantes de Nazaré consideravam Jesus um falso profeta, digno de sofrer a morte. No entanto, “Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho”. O Evangelho de Lucas é o Evangelho do Caminho. Jesus está sempre a caminho. Concluindo vemos que profeta, fiel à sua missão, enfrenta sempre a incompreensão, a solidão, a contestação, as ameaças, até mesmo a morte. Mas, a exemplo de Jesus, passa no meio de tudo e segue seu caminho.  Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ