3º Domingo do Advento
O que devemos fazer? Lc 3,10-18 – Continuamos no “caminho do advento”, em seu terceiro domingo, chamado “domingo Gaudete”, ou seja, “domingo da alegria”. A vinda do Senhor se aproxima, a nossa libertação está cada vez mais perto. O profeta Sofonias, na 1ª leitura, expressa bem a alegria pela ação libertadora de Deus. Na 2ª leitura, Paulo proclama ao povo de Filipos que “o Senhor está perto”. Esta carta é mesmo toda perpassada pela ternura e alegria. O Evangelho, por sua vez, fala de João Batista que, junto com Isaías, é o grande profeta do advento. Seu grande grito é o caminho de conversão. Trata-se de uma mudança radical, de um novo “fazer”. O cenário do Evangelho é o vale do rio Jordão, onde se encontra o profeta João, a quem chamavam “o Batista”. Segundo informações do próprio evangelho, seu pai era o sacerdote Zacarias. É de se destacar que, mesmo sendo de família sacerdotal, João não exerce funções sacerdotais, algo hereditário na religião tradicional dos judeus. João não se identifica com o sistema de sacrifícios do Templo, mas prega “um batismo de conversão para remissão dos pecados”. Sua pregação gera impacto e muitas pessoas vão até para ouvi-lo. Sua linguagem é rude, típica de homem do campo, em nada semelhante a um discurso sacerdotal. Anuncia a iminente intervenção de Deus no mundo para acabar com o mal: “raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera que está para chegar? O machado já se encontra à raiz das árvores; por isso, toda a árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo”. A mudança de vida que João propunha a todos os que o procuravam era mudança de atitudes e de ações. Não bastam boas intenções. Então pessoas de diversos seguimentos perguntam: “que devemos fazer?” A pergunta revela abertura, disponibilidade para refazer a vida e acolher a proposta de salvação. João não pede gestos piedosos ou práticas religiosas especiais; indica ações bem concretas, geradoras de uma vida mais humana, mais justa e mais fraterna. É de se destacar ainda que o conteúdo da conversão é individual, pessoal. Cada grupo social recebe a indicação do que “deve fazer”. As “multidões”são convocadas à partilha: “Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo”. “Repartir” não significa dar o supérfluo, mas assumir uma vida de partilha, de olhar para o outro. Os “publicanos” não devem aproveitar de sua função para roubar e explorar: “não devem exigir nada além do que vos foi prescrito”. Aos “soldados” ordena que não usem de violência, que não denunciem, que suas armas não sejam sinal de poder: “Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo”. Todas as ações que João pede se referem ao comportamento e atitudes para com o próximo. Nada de longas orações, gestos de piedade, jejuns e outras práticas voltadas para si. A forma de preparar os caminhos do Senhor é o cuidado de nossas atitudes para com os outros. Neste sentido, o Papa Francisco, na sua recente Encíclica “ele nos amou”, nos alerta dizendo que “não atingimos a nossa plena humanidade se não saímos de nós mesmos” (n 59). Então podemos afirmar que a melhor forma de prepararmos o mundo para a chegada de Deus é sairmos de nós mesmo e nos colocando na construção de uma sociedade mais justa, mais solidária, mais fraterna. É “o que devemos fazer”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ