3º Domingo do Advento

09/12/2020

Testemunha da Luz – Jo 1,6-8.19-28 – A liturgia do 3º domingo do Advento neste ano de 2020, “domingo da alegria”, nos convida a “saborear” textos do Evangelho de João, que começa com um hino que constitui a “porta de entrada” de todo o evangelho. Trata-se do “prólogo” (cf. Jo 1,1-18), no qual se pode identificar os principais temas que serão desenvolvidos ao longo de todo o 4º evangelho. Os primeiros três versículos do texto de hoje (cf. Jo 1,6-8) pertencem a esse “prólogo”, no qual se afirma que João é “um homem” (um ser humano concreto, histórico!) e que foi “enviado por Deus”. Não veio em nome próprio. Foi enviado, tem uma missão a cumprir. “Veio como testemunha, para dar testemunho da Luz”. A palavra “testemunho” aparece quatro vezes nos primeiros versículos. Nos vv. seguintes temos a prática deste testemunho. Assim sendo, o coração do evangelho deste 3º domingo do Advento é o “testemunho” que João dá sobre Jesus. Isto ele o fará diante dos enviados das autoridades judaicas. Para percebermos melhor o sentido e a dramaticidade do diálogo entre João e os líderes judaicos, é preciso ter em conta o ambiente político, social e religioso da época, na Palestina. Dominado pelos romanos, humilhado e sem liberdade, sufocado por altos impostos, explorado por uma classe dirigente privilegiada, escravizado por um sistema religioso de leis e ritos, o povo vivia na expectativa da chegada de um Messias libertador, que iria inaugurar uma nova era de liberdade, de alegria, de justiça e paz. As autoridades judaicas politico-religiosas, não queriam ouvir notícias de chegada de um Messias. Eles eram os donos do poder. A ação do Batista gerava mal estar e preocupação. Uma “comissão investigadora” foi enviada para saber quem é esse sujeito que provoca tais “transtornos” na ordem estabelecida. “Quem és tu”? Uma pergunta direta, mas que não recebe a resposta esperada: “Não sou o Messias… não sou Elias… não sou profeta”. As suas três respostas são negativas radicais. João não aceita que lhe atribuam alguma função messiânica ou profética. As atenções devem estar focadas em outra direção. Ele não busca a sua glória e não veio em seu próprio nome. Foi “enviado por Deus” para dar testemunho da “luz” e é para essa “luz” que se devem voltar os olhares. O que João assume é a de ser uma “voz”. “Eu sou a voz que grita no deserto, preparai os caminhos do Senhor”. “Voz” não tem rosto, não tem nome, não tem figura. “Voz” é meio de transmitir mensagem. A sua voz é o meio pelo qual Deus passa a mensagem. João é a “voz que clama” no deserto, lugar de trevas e de caminhos tortuosos. É difícil caminhar nas trevas, ainda mais por caminhos que atravessam “vales” e são cheios de “veredas”. A sua voz grita no deserto: “preparai os caminhos do Senhor”, caminhos para que a luz possa iluminar. Caminhos tortuosos bloqueiam a extensão da luz. Aterrar vales, endireitar caminhos são meios necessários para que a luz resplandeça em horizonte maior O acender da terceira vela do Advento aponta para a luz que se aproxima. A verdadeira luz está para chegar e João é a alegre “testemunha da luz”.  Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ